A Soja na CBOT vem tendo um ano pra esquecer. Em 2024, o ativo caiu 20% até o momento. Após toda essa queda, agricultores de todo o Brasil estão se perguntando quando, e se, as cotações irão voltar a subir.
O calendário econômico da semana que se inicia vai trazer volatilidade para as cotações da Soja e do dólar DXY, que pode aliviar ou pressionar ainda mais as cotações das commodities agrícolas na bolsa de Chicago.
O próximo relatório WASDE do USDA será divulgado na terça feira dia 10/12. Segundo projeções da Bloomberg, possivelmente o relatório irá trazer uma leve redução nos estoques e rendimentos de Soja dos EUA.
Caso isso se confirme, os preços podem respirar na CBOT.
Mesmo que o relatório do USDA traga uma redução nos estoques e nos rendimentos da safra americana no dia 10/12, a alegria pode durar pouco, afinal teremos na quarta feira dia 11/12 a divulgação dos dados do CPI (Inflação) dos EUA, se o número vier acima do esperado (0,3%), o Dólar DXY vai continuar forte e isso pressiona o complexo soja (Soja, farelo e óleo).
Porém, se o USDA trouxer redução nos estoques e rendimentos e o CPI vier abaixo das expectativas, temos um cenário favorável no curto prazo para o contrato futuro da Soja ZSK25 (Maio) voltar para a região dos U$1040 por bushel.
Para isso acontecer, basta o ativo subir 3,2%, número totalmente de acordo com o desempenho sazonal da soja nessa época do ano.
O USDA em seus últimos relatórios WASDE vem projetando o preço médio do Bushel para a safra 2024/2025 em U$1080 (7,5% acima do preço atual do contrato ZSK25).
Outro fator que joga contra a recuperação da soja, é o farelo de soja, que está bem pressionado e hoje é a commodity mais barata e sobrevendida da CBOT.
A soja e o farelo de soja, nos últimos 5 anos possuem uma correlação positiva de 0,71. Isso significa que o movimento de ambos os ativos é correlacionado, se o farelo continuar pressionado isso joga contra a recuperação da soja.
O cenário continua incerto. Além da perspectiva de oferta abundante na américa do Sul, a atual conjuntura macroeconômica não vem colaborando para uma recuperação da Soja na CBOT. Além disso, a partir de 20/01/2025, teremos o fator Trump como risco adicional, afinal as relações entre EUA e China tendem a piorar, e isso pode pressionar ainda mais a soja.
A iminente guerra tarifária/cambial entre EUA e China tende a valorizar o dólar e desvalorizar o yuan Chinês. Durante a I guerra comercial travada por Trump (2018-2020), o dólar subiu aproximadamente 10% e o Yuan Chinês caiu 12%.
O Dólar DXY no patamar atual, deixa a soja americana mais cara e joga contra a recuperação da soja na CBOT.
A deterioração das relações entre EUA e China vai aproximar ainda mais os chineses e brasileiros, afinal os chineses devem comprar cada vez mais soja brasileira em detrimento da americana. Com isso, o termômetro mais adequado pra mensurar o apetite chinês será o prêmio de exportação e não a Soja CBOT.
Nas últimas 2 semanas os prêmios de exportação corrigiram em média 25 pontos e as cotações da Soja CBOT ficaram paradas. Os preços em reais não caíram mais por conta do dólar que continua num patamar elevado.
Nas últimas 16 semanas o contrato da soja ZSK25 testou os U$10 por bushel 6 vezes, quando o preço se aproxima do suporte entra bom volume de compra, não vai ser fácil perder esse suporte.
Além do risco de os preços continuarem pressionados, um risco considerável para os agricultores brasileiros no ano de 2025 será o custo e escassez de crédito.
Atualmente, a curva de juros tá projetando Selic acima dos 14% no II semestre de 2025, o crédito que já é escasso vai secar ainda mais. Boa parte dos agricultores brasileiros estão alavancados e dependendo de crédito, alguns certamente vão ter dificuldade para se financiar. Diante das circunstâncias atuais não é exagero projetar que o custo do crédito vai se aproximar dos 20% ao ano. O arrocho do crédito deve ficar evidente entre o II e III trimestre de 2025.
Até o momento, a safra 2024/2025 vai ser uma combinação de Juros altos, Crédito escasso, Dólar e Prêmio de exportação pra cima e Soja CBOT pressionada.
O ano de 2025 vai ser desafiador para o agricultor e para o Brasil.