Se podemos resumir a característica desta safra, podemos afirmar que é uma safra menor com preços maiores. Os estoques serão durante toda a safra relativamente baixos. Nada original em se tratando de mercados. O resultado econômico-financeiro desta situação está previsto como favorável ao produtor. E se o Governo não intervier, será melhor para todos.
Lavoura de cana
O clima adverso com seca e geada foi o responsável pela redução prevista de rendimento agrícola da lavoura de cana do Centro-Sul (CSUL) de 13,4%. Tem algumas regiões de São Paulo com quebra da ordem de 20%. Estamos considerando para o CSUL um rendimento de 68 tc por hectare. A redução de moagem de cana prevista é de 72 mi t no CSUL: total de 533 mi t contra 605 mi t na safra passada. Nada desprezível.
No Nordeste (NNE) estamos prevendo uma safra próxima daquela do ano passado (2020/21). E isto vale para cana, açúcar e etanol. O clima na região tem sido mais normal e reflete em alguma medida os efeitos do La Niña. O NNE nas últimas safras tem feito mais movimentos de aumento de eficiência do que de aumento de produção.
Açúcar
A menor produção de açúcar no CSUL está estimada em 33,4 mi t, com redução prevista sobre a safra passada de 5 mi t. Como consequência disto vemos uma redução significativa em nossas exportações do produto, também desta ordem de grandeza. Isto compensa boa parte do aumento de exportações da safra passada que foi pouco acima de 12 mi t.
Como o Brasil representou no ano passado pouco mais de 50% das exportações mundiais de açúcar a consequência natural da redução da safra atual foi um aumento significativo nos preços. O preço médio do açúcar em NY no período Abril-Agosto passou de 11,4 ¢/lb para 17,4 ¢/lb em 2020 e 2021, respectivamente. A taxa de câmbio no período ficou relativamente estável em torno de 5,30 R$/US$. Ou seja, o preço aumentou 52% no período Abril-Agosto e a produção deve cair 13%.
Etanol
No caso do etanol a situação é semelhante à do açúcar. A grande diferença é que neste caso a nossa influência nos preços dos mercados internacionais de petróleo e gasolina é nenhuma.
A produção prevista de etanol de cana no Brasil é de 27,4 bi litros, o que representa uma redução de 2,6 bi litros (8,7%) em relação à safra passada. A redução vai-se concentrar exclusivamente no etanol hidratado, usado diretamente no tanque do veículo. A produção de etanol anidro, misturado na gasolina em 27%, será ligeiramente maior que aquela da safra passada, pois o consumo de gasolina será maior em decorrência do menor consumo de etanol hidratado.
Já a produção de etanol de milho mantém sua trajetória de aumentos anuais vigorosos de produção e prevemos, neste caso, um aumento de produção de cerca de 1 bi litros.
Quanto a preços, estes também são bem superiores àqueles da safra passada. O suporte para isto vem do petróleo relativamente caro, do câmbio desvalorizado e da restrição de oferta. No período Abril-Agosto o preço médio do etanol hidratado na usina, líquido de impostos, está em 2,89 R$/litro contra 1,56 R$/litro no mesmo período do ano passado. Ou seja, um aumento de 85% de aumento.
Saúde a todos.