Um novo capítulo na guerra comercial sino-americana foi escrito hoje, quando os EUA incluíram 28 empresas chinesas – incluindo as mais relevantes na área de inteligência artificial – na lista que proíbe companhias de fazerem negócios com aquelas do país. Segundo o governo, a iniciativa tem a ver com violações de direitos humanos praticadas pela China em relação a minorias islâmicas no oeste do país.
Algumas horas depois, a China anunciou o cancelamento das transmissões de jogos da NBA – liga de basquete dos EUA – na TV chinesa, por sua vez, alegando que a razão do cancelamento tem a ver com um tweet no qual o diretor geral do Houston Rockets se manifesta a favor dos manifestantes de Hong Kong.
A piora no cenário vem às vésperas do retorno das negociações bilaterais entre os dois países, marcadas para terem início nessa quinta-feira (08), em Washington. A escalada nas tensões aprofundou ainda mais o mal-estar global em relação ao futuro da economia. O resultado se fez notar nas principais bolsas da Europa. Salvo o FTSE, do Reino Unido, tanto o mercado à vista quanto futuro das principais bolsas operam em queda superior a 1%. Nos Estados Unidos, o mercado futuro dos três principais índices opera em baixa de cerca de 0,7%.
Futuro incerto para o Brexit
Na sessão de ontem um juiz da corte de Edimburgo julgou desnecessária uma medida judicial que obrigue o primeiro-ministro, Boris Johnson, a realizar um pedido formal de extensão do prazo do Brexit – saída do Reino Unido da União Europeia – caso o Parlamento europeu rejeite a proposta de acordo feita pelo governo britânico, cuja votação está marcada para 19 de outubro e o parlamento britânico rejeite uma saída sem acordo.
Segundo o juiz, na medida em que o governo se comprometeu publicamente a fazer o pedido, um pedido judicial reforçando essa medida serviria apenas para minar a confiança entre os poderes. Vale lembrar que o Benn Act, aprovado pela câmara dos lordes, obriga o primeiro-ministro a fazer um pedido de extensão no caso do cenário descrito acima. Entretanto, Boris Johnson, primeiro-ministro britânico, continua afirmando que a saída ocorrerá em 31 de outubro, com ou sem acordo, o que tem gerado dúvidas sobre seus planos após a votação do parlamento europeu.
Agenda econômica
Na medida em que os EUA se encontram cada vez mais implicados nos efeitos da própria guerra comercial – conforme mostraram indicadores econômicos recentes –, na manhã de hoje grandes agentes estarão com seus olhos voltados para o PPI (Producer Price Index ou IPP, Índice de Preços do Produtor), que será divulgado às 9h30 (impacto: 3/3). Trata-se de um indicador primordial de inflação e, portanto, de crescimento ou desaceleração da economia americana.
Um valor abaixo do esperado pode, eventualmente, dar força às bolsas americanas, na medida em que força a mão do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos EUA) a reduzir a taxa de juros no país. Nesse caso, a reação esperada é de uma queda no preço global do dólar. Um valor acima do esperado geraria uma resposta oposta, com provável continuidade na tendência de alta da moeda americana.
Às 14h50, o diretor-chefe do Fed, Jerome Powell, fará pronunciamento que pode conter pistas sobre a postura futura do FOMC (Federal Open Market Committee, comitê responsável por decidir as taxas de juros do país) (impacto: 3/3).Esses e outros indicadores são disponibilizados gratuitamente, em tempo real, no Investing.com (www.investing.com).
Cenário técnico
Conforme previsto, o dólar acabou respeitando o suporte na região de R$4.065 e retomou sua tendência de alta na sessão de ontem, fechando a R$4.115 – acima da resistência formada próxima a região de R$4.096 e R$4.100. Na sessão de hoje, o preço pode buscar novamente o fundo anterior (R$4,065) antes de buscar alçar patamares mais altos. A depender do ponto de abertura do dólar no Brasil, que deve ser em alta, o suporte buscado pode ser na própria região de R$4.100 ou um pouco mais abaixo, em R$4.085. O rumo da sessão, contudo, deve depender dos dados de inflação citados acima, às 9h30, e após a abertura da sessão americana, às 10h30.