Caros leitores, é a primeira vez que escrevo um artigo neste site. Descobri este site recentemente e por mero acaso (feliz). Tenho acompanhado bem de perto os seus conteúdos e análises. Então decidi escrever sobre o rebaixamento da notação da S&P para o Brasil. Vivo na Europa há muitos anos (em Portugal, mais de 30 anos no total), mas detenho interesses no Brasil, que é a minha terra de berço.
Muito se tem falado dos efeitos do rebaixamento pela S&P e seus efeitos negativos, que poderão ser agravados se a Moody’s e a Fitch optarem pelo mesmo.
É evidente que este fato traz muitas consequências negativas, especialmente no fluxo e qualidade dos capitais que entram no Brasil, assim como o custo maior a pagar nos financiamentos, quer por parte do governo do Brasil, quer por parte das empresas que se financiam no exterior. Sobre esse tema haveria muito mais a ser dito sobreas implicações do rebaixamento no curto e longo prazo, mas quero centrar o artigo num aspeto que acho muito importante: que é de poder ser positivo o rebaixamento. À primeira vista parece um contrassenso que o rebaixamento possa ser positivo e o é se no médio prazo se mantiver. A esse rebaixamento devemos agradecer a S&P por tê-lo feito, se calhar deveria ter feito antes e as outras agências também.
PORQUE: Veio por a descoberto o caminho econômico e político de degradação nos últimos anos, sem que nada tenha sido feito para evita-lo. Isso foi um cartão amarelo, uma chamada de atenção, que o cenário pode vir a ficar pior se nada for feito. E nada melhor do que um grande puxão de orelhas por uma entidade com a S&P. É de se lamentar que essa lição tenha que vir do exterior, que não sejamos nós capazes de fazer os deveres de casa ou de fazer valer as nossas opiniões.
AGORA: vem a agitação, presidente preocupada, governo preocupado, BC preocupado, sociedade civil preocupada, empresas preocupadas, mercado preocupado, tudo em estado de inquietação.
RESULTADO: têm que acordar, têm que se mexer, têm que fazer algo para reverter a situação.
A DÚVIDA: Vão acordar, vão se mexer, vão deixar de ser displicentes – para não dizer outra coisa mais feia –, este governo e o BC têm a capacidade, credibilidade e competência para tal?
A MINHA OPINIÃO: Não, este governo e o BC não têm esses requisitos para mudar a trajetória que a economia tomou. Posso estar enganado e espero que esteja, mas tenho a certeza que é hora de mudar de rumo, começar a arrumar a casa, elaborar um orçamento crível e corajoso na contenção de gastos e, se for necessário, aumentar impostos, eliminar o déficit, diminuir a divida publica, atuar no câmbio e na taxa de juros de forma mais equilibrada e deixar de lado os dogmas do PT e da esquerda.
É agora a hora da mudança, e que seja rápida, de forma a atenuar ou eliminar os impactos negativos do rebaixamento tornando-o como um fator positivo de mudança.