Na última sexta-feira (11/02), no meio da tarde, os mercados foram sacudidos por uma notícia no cenário internacional de que a Rússia estaria preste a invadir a Ucrânia. Em tese, a notícia teria partido da Casa Branca, depois de avaliarem a movimentação de tropas russas na região de fronteira. A Ucrânia, por sua vez, indicava estar praticamente cercada. Chegaram mesmo a aventar a possibilidade de a invasão ocorrer até quarta-feira ou até o final das Olimpíadas de Inverno na China.
Durante o final de semana, vários foram os líderes do ocidente que buscaram contato com o presidente Putin tentando reduzir a tensão, mas aparentemente nenhuma novidade positiva pôde ser acrescentada. Então, o bloco, formado por países europeus e os EUA, voltou a realçar as sanções “nunca vistas” que seriam impostas contra a Rússia em caso de invasão. O Reino Unido passou a se movimentar para oferecer maior apoio militar ao presidente Zelensky, e os EUA mandaram mais militares para a Polônia.
Assim foi o final de semana, e a invasão não aconteceu. Hoje, a situação parece ter suavizado um pouco, com o chanceler russo dizendo estar disposto a seguir negociando, mas com baterias russas viradas para alvos “inimigos”. Ou seja, a guerra fria segue pesada, mas as apostas são que isso tudo não deve ir adiante.
A avaliação maior é que a Europa tem muito a perder por conta do fornecimento de gás para a região – gás que já teve preços muito majorados e ainda em pleno inverno. A Europa e os EUA buscam fontes alternativas de fornecimento caso a Rússia interrompa o fornecimento regular, coisa que ainda não fez. A disputa pelo oleoduto Stream 2 segue, com a Rússia querendo garantias sobre a passagem por terras não amigáveis.
No meio de toda essa crise geopolítica, onde todos os países têm pedido que seus cidadãos deixem a Ucrânia, eis que Bolsonaro decide não adiar sua viagem à Rússia e o encontro com Putin, alegando que o Brasil precisa do fornecimento de fertilizantes provenientes de lá. A chancelaria brasileira pediu o adiamento, que não foi aceito, e também que Bolsonaro não aborde o tema em caso de conversas com Putin. Mas, conhecendo bem o nosso presidente, esse protocolo pode não ser respeitado. Por trás disso, ainda podemos considerar Bolsonaro acreditando que sua missão internacional poderia angariar alguns votos para sua reeleição. Mas o mundo vai estar de olho na viagem que está começando.
Nos mercados, as duas últimas horas foram de queda das Bolsas (Brasil e EUA), quedas dos treasuries americanos, dólar em alta e índice Vix (apelidado de índice do pânico) em forte alta de mais de 30%. Aqui, ainda encerramos o dia levemente no positivo (+0,18%) e dólar com pequena alta.
Na sessão de 14/02, os mercados asiáticos e da Europa capturaram a tensão de sexta-feira e tiveram dia de queda, com o mercado americano e o local também fragilizado, melhorando um pouco quando a Rússia anunciou disposição de seguir negociando. Portanto, vamos ter que continuar a monitorar a crise geopolítica, pois disso dependerá a performance de curto prazo dos mercados.
Não bastasse isso, ainda temos a negociação do acordo nuclear com o Irã, que mexe também com o preço do petróleo no mercado internacional e a atitude dos bancos centrais desenvolvidos em elevar juros e estreitar liquidez. Aqui, ainda teremos a safra de resultados de outras empresas líderes do mercado, como Petrobras (SA:PETR4) e Vale (SA:VALE3), com boas promessas de distribuições aos acionistas e bons resultados no quarto trimestre. Também não devemos ser muito afetados pelo que possa acontecer entre Rússia e Ucrânia, exceto por ajustes de curto prazo dos mercados.
A torcida é para que haja distensão na guerra fria e que os mercados possam evoluir de forma mais assertiva e, finalmente, a Bovespa conseguir ultrapassar a zona de 115.000 pontos.