Que o Mato Grosso é uma potência quando o assunto é exportação de grãos, isso todo mundo já sabe. O que nem todo mundo sabe é que lá funciona o maior terminal de transbordo de grãos do país, cuja dona é a Rumo (RAIL3 (BVMF:RAIL3)). É o Terminal de Rondonópolis.
Em 2022 somente ele, sozinho, suportou 20 milhões de toneladas em carregamentos, e o mínimo que se espera é que a empresa não perca market share em 2023. Ou seja, não é à toa que a Rumo anda querendo expandir suas operações por lá.
Existem projeções do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (IMEA) de que a produção de grãos no MT deve aumentar em até 33% até 2030. A exportação, por sua vez, tem projeção do mesmo órgão para crescer até 59% em 2030.
Esses valores são maiores que os valores projetados pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que prevê um crescimento médio para a produção de grãos no país na casa de 29% até 2030.
Em teoria, como o principal mercado da Rumo está no Mato Grosso, espera-se que ela cresça em volume transportado acompanhando o crescimento da produção desse estado. Pelo menos em se tratando de transporte de soja, farelo de soja e milho.
De olho nisso, os planos de expansão da Rumo já estão em andamento. O projeto é conseguir expandir a malha ferroviária e estabelecer terminais, a partir de Rondonópolis, que cheguem até Lucas do Rio Verde (no centro do estado), passando por terminais em Campo Verde, Cuiabá e Nova Mutum.
Essa linha foi concedida através de uma autorização estatal, sem taxa de concessão, com uma regulação menos restritiva que a federal e com prazo de 45 anos, renovável por períodos iguais e sucessivos. O que a Rumo precisa fazer é completar o projeto de instauração.
Segundo o contrato de autorização, o cronograma de finalização do projeto prevê 4 fases de implantação, uma para cada terminal, começando por Campo Grande, em um total de 730 km de linha férrea. O prazo mínimo de implantação de todos os terminais, se tudo der certo, é 2028, ou seja, um terminal por ano a partir de 2025. Mas existe uma flexibilidade de 2 anos de atraso, sem justificativa, para cada terminal, que pode ser estendida por mais 3 anos, desde que haja justificativa. Isso quer dizer que se tudo der errado, o projeto completo só deve ficar pronto em 2033.
Em outras palavras, além de um possível crescimento da produção agrícola no estado — maior que a média do país —, há a expansão da operação que vai permitir à empresa atingir mais clientes.
A primeira fase envolve a construção de 211 km de ferrovia até Campo Verde, cujo Capex deve ir de R$ 4 bilhões a R$ 4,5 bilhões. E ela já começou.
A expectativa da Rumo é que esse projeto resulte em 18 milhões de toneladas de grãos adicionais a serem transportados pela companhia, com ganho relevante de market share no estado. Afinal, com a maior proximidade de outros polos de produtores, a tarifa do transporte ferroviário acaba ficando mais competitiva.
Lembra que falamos que a carga chega até os terminais da Rumo via transporte rodoviário? Pois é, quanto menor a distância até o terminal, menor o custo rodoviário e maior a competitividade do trajeto até o Porto de Santos. É por isso que hoje o norte do estado do MT está em vermelho, já que fica mais distante do terminal de Rondonópolis. Mas após a finalização do projeto, ele vai ficar quase todo verdinho. Se de fato acontecer conforme o planejado pela empresa, certamente vai destrancar valor.