O risco político brasileiro está sendo aquecido dia a dia, e, embora projete cenários pouco acreditados de consequências, aproximam gradualmente os perfis dos dois candidatos mais evidentes para a sucessão presidencial e isto intranquiliza e perturba o mercado financeiro, um pelos fatos novos nebulosos e o outro pelo consolidado passado inocentado.
O mercado financeiro não consegue criar tendências sustentáveis, a despeito da acomodação da crise fiscal e até discretos sinais de melhoras em alguns setores da econômica, a despeito do massacrante número de desempregados, desalentados e informais que forma cenário degradante, a priori, visto como de dificílima solução até no longo prazo, pois agora convive com a busca de melhor entendimento e repercussões mais efetivas da Reforma Tributária proposta pelo governo, que, já deixa evidente, que onera pessoas físicas em todas as circunstâncias e as empresas, tendo como sempre um único e nefasto beneficiário, o próprio autor o governo.
A inflação está presente e com viés de alta aquecido, e não somente pela crise hídrica que ainda poderá ser bem neutralizante dos avanços da economia, se já não fosse bastante o reajuste de 52% em suas tarifas, e que naturalmente provocará o ajuste imediato dos preços relativos da economia diretamente dependente deste insumo.
O impacto destes custos indiretos é desastroso para o poder de consumo da população.
O juro alto reconduz o país ao seu velho perfil, por imponderável, até porque o juro baixo desalinhado causou efeitos danosos na formação do preço do câmbio, que em conjunto com os preços internacionais das commodities aquecidos, rebotou de forma implacável enorme impacto inflacionário para a economia interna, e que agora, como sói acontecer, não retrocede ao mesmo com o preço da moeda americana tendo sido desvalorizada internamente em mais de 15%.
A B3 (SA:B3SA3) anunciou que há no Ibovespa algo em torno de R$ 48 bilhões, perto de US$ 10,0 bilhões a preço presente, mas o fluxo cambial líquido no semestre até o dia 25 de junho aponta saldo positivo de tão somente US$ 1,256 bilhões, o que sugere que sejam recursos de investidores estrangeiros predominantemente fundos já presentes no nosso mercado e que visam rentabilidade maior estável, por vezes, nos dividendos anuais das grandes empresas brasileiras na área de commodities e com a nova reforma tributária poderá haver mudança de postura.
O juro alto e a perspectiva de maior elevação ainda não despertaram o ânimo do especulador internacional, observação fundada também com base no saldo líquido financeiro do fluxo cambial do semestre, mas este fato é esperado assim que o COPOM sancione novo aumento da SELIC e coloque outros em perspectiva, considerando que o risco do Brasil pelo CDS está em torno de 165 pontos e o país, como risco, tem enorme liquidez em moeda estrangeira.
O Boletim FOCUS já sanciona previsão de inflação de 6,07% e alta do PIB de 5,18%, ainda não precificando o risco latente de agravamento da crise hídrica e seu impacto de contenção, enquanto que o COPOM deve, por absoluta necessidade, ainda que elevar a SELIC algumas vezes no ano.
O cenário em que o Brasil está envolvido sinaliza que se acostumou a conviver com a pandemia do coronavirus e que já a trata de forma confortável sem considerar a sua efetiva e perigosa dimensão e risco para o país, já que deixa a certeza que vai demorar muito tempo para superá-la, e que tem um quadro em que a política tende a superar aspectos relevantes da economia, o que será neutralizante e coloca em dúvida mesmo se esta reforma tributária vai passar ante a fragilização do governo e a reforma administrativa pode já ser até considerada fora do radar. A crise hídrica, importante e relevante para o país que pretende crescer além de 5%, pois pode provocar a frustração generalizada.
Importante destacar a declaração hoje do FMI, no sentido que haverá muita assimetria na recuperação das grandes economias mundiais e isto de certa forma ocorrerá também nas emergentes, por isso não podemos perder o foco nos nossos desafios achar que porque a China vai bem, iremos também.
A despeito deste cenário presente e prospectivo muito nebuloso para o Brasil, continuamos com a convicção de que o viés do comportamento do preço do dólar no nosso mercado interno é de depreciação, visto que o juro alto ou adequado é o antídoto correto à discrepância que vinha ocorrendo, deve prevalecer ante os fatores opositores a este fato.
Ontem foi feriado nos Estados Unidos, portanto um dia atípico no mundo, e enquanto predominar este ambiente político tensional os “traders” do mercado de câmbio poderão estimular a volatilidade que lhes interessa comercialmente, mas muito dificilmente conseguirão alterar o cenário prospectivo que indica apreciação do real.