O ritmo lento das vendas da safra brasileira 2023-24 de soja e a baixa liquidez no mercado de fertilizantes contribuíram para uma menor procura por serviços de transporte no início de 2024, levantando preocupações sobre um possível gargalo logístico.
Como resultado, os fretes de grãos durante a colheita caíram – o que é incomum nesta época do ano –, devido à menor demanda por frete rodoviário. Da mesma forma, o ritmo lento das compras de fertilizantes se reflete em uma menor procura por transporte para escoar adubos. Esse cenário preocupa participantes de mercado, pois poderá causar um gargalo logístico.
A soja precisará ser enviada para exportação. Paralelamente, os fertilizantes que chegam aos portos brasileiros terão que ser entregues ao mercado interno. Isso poderia levar a uma maior concorrência por caminhões e a uma alta significativa nos fretes, bem como filas mais longas nos portos para carga e descarga de navios, aumentando os custos logísticos.
Importadores brasileiros deverão intensificar as aquisições de adubos, uma vez que as compras de MAP 11-52 – o principal fertilizante fosfatado usado para o cultivo da soja – no primeiro trimestre ficaram 43pc abaixo do recorde de 1,2 milhão de toneladas (t) no mesmo período no ano anterior. O Brasil importou 658.000t de MAP no primeiro trimestre, atrás da média de 801.000t entre 2019 e 2023.
Os preços de fertilizantes fosfatados praticados no mercado de importação brasileiro perderam o desconto em relação a outros compradores globais, em meio à principal temporada de compras de fosfatados para cobrir as necessidades da safra 2024-25 de soja. O mercado indiano – outro importante consumidor global de fertilizantes – está com desconto em relação aos preços praticados no mercado brasileiro. O Brasil, contudo, estava com os menores preços globais do fosfatado desde 4 de agosto de 2023. Os negócios mais recentes em ambos os mercados colocaram um fim no desconto de oito meses que o Brasil mantinha.
No mercado doméstico, as compras de fertilizantes para a safra 2024-25 de soja chegam a cerca de 30-35pc das necessidades em todo o Brasil, cerca de 10 pontos percentuais abaixo do que no ano anterior. Em Mato Grosso, a estimativa é de que as compras tenham atingido 60-70pc, enquanto as regiões Norte e Nordeste devem ter adquirido cerca de 50pc de suas necessidades.
A compra de insumos foi adiada por agricultores, que postergaram a comercialização da safra. As vendas da safra 2023-24 de soja estavam em cerca de 40pc até o fim de março. O ritmo das vendas da safra atual acelerou em março, à medida que o rápido progresso da colheita da oleaginosa e uma ligeira tendência de alta dos preços encorajaram agricultores a retornar às negociações. Porém a comercialização da safra 2023-24 permanece, consideravelmente, abaixo da média histórica de cerca de 55pc da safra já vendida nesta época do ano.
Ureia e MOP mantém desconto no Brasil
Os preços de ureia granulada e cloreto de potássio no Brasil ainda estão com um desconto em relação a outros mercados.
O país está na entressafra para as compras de fertilizantes nitrogenados, com negócios para a safra 2024-25 de milho também sendo adiados no mercado doméstico. Cerca de 20pc da necessidade de fertilizantes para a safra de milho verão foram comprados, em comparação com 30-35pc no ano anterior.
Com relação ao farmer selling, as vendas antecipadas da segunda safra 2023-24 de milho atingiram aproximadamente 17pc até o fim de março. O ritmo está atrás de uma média histórica de mais de 40pc vendidos nesta época do ano.
Quanto ao potássio, importações confortáveis em 2023 e uma alta nos estoques desencorajaram produtores brasileiros a se comprometer com volumes maiores. As importações brasileiras aumentaram ligeiramente para 2,5 milhões de t, em comparação com 2,4 milhões de t no primeiro trimestre de 2023. Porém a baixa liquidez prevalece no mercado doméstico e, nesse contexto, produtores globais de cloreto de potássio estão direcionando navios que originalmente iriam para o Brasil para outros consumidores globais.