Este artigo foi escrito exclusivamente para o Investing.com. Publicado originalmente em inglês em 13/11/2020
Após a promissora notícia sobre a nova vacina contra a covid-19 da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34), na segunda-feira, teve início uma grande rotação de setores. Os investidores começaram a sair de todos aqueles nomes de tecnologia que se beneficiaram do ambiente do “fique em casa”, enquanto as ações de cimento e tijolo ficaram para trás. A notícia da vacina pode sinalizar uma mudança na tendência do mercado, já que os investidores começam a voltar suas atenções para o futuro.
Como o mercado entrou em um mecanismo prospectivo de desconto, é essencial pensar no mundo daqui a 6 ou 9 meses, principalmente se a vacina realmente estiver prestes a chegar. Ainda mais se ela se mostrar tão eficaz quanto os dados da Pfizer mostram. A melhora da economia pode ajudar a fazer os rendimentos na ponta longa da curva subirem. Isso pode fazer com que os bancos e outros setores cíclicos se valorizem, com o dinheiro saindo de algumas ações de tecnologia que dispararam.
Rendimentos maiores, spreads mais amplos
Pode ser que essa seja uma tendência de curto prazo ou o início de algo maior, mas o fato é que os rendimentos dos títulos de 10 anos do tesouro americano começaram a subir. Atualmente estão sendo negociados a cerca de 90 pontos-base, acima dos 50 pb de meados do ano – um salto considerável. Embora ainda esteja baixo em relação às taxas do ano passado, o spread dos treasuries de dois e dez anos registrou seu maior crescimento desde o início de 2018.
Esses spreads mais amplos podem ajudar a impulsionar alguns dos bancos tradicionais, principalmente se forem um indicativo de uma perspectiva de melhora da economia geral. Isso pode desencadear um fluxo para essas ações financeiras, como JPMorgan (NYSE:JPM) (SA:JPMC34), Bank of America (NYSE:BAC) (SA:BOAC34) e Citigroup (NYSE:C) (SA:CTGP34). Também podem ajudar algumas ações de cartão de crédito a ter um melhor desempenho, como Capital One (NYSE:COF) e American Express (NYSE:AXP) (SA:AXPB34).
Essa mudança no mercado de títulos e seu spread apontam para um melhor crescimento econômico e o fim das operações focadas no ambiente do "fique em casa". Se o mercado de títulos indicar um retorno do crescimento, os investidores podem decidir vender algumas das ações de tecnologia às quais se aferraram tanto.
Investidores que apostam no “caiu, comprou”
O mais preocupante de tudo são os investidores que apostam no “caiu, comprou”, os quais podem acabar descobrindo que o recuo não é uma correção, mas o início de uma nova tendência de baixa. Se de fato estiver ocorrendo uma rotação de setores, os investidores descobrirão que o dinheiro retirado de nomes que estão voando alto por causa do ambiente do “fique em casa” pode não voltar, mas ficar investido em ações de reabertura.
Evidentemente, já vimos isso antes. O giro do mercado faz com que houvesse um salto para ações de reabertura e depois uma corrida de volta para o setor de tecnologia nos últimos meses. A questão é, será que desta vez será diferente?
Pode ser que desta vez sim, diante da perspectiva de uma vacina e da melhora nos tratamentos. Portanto, nos próximos 6 ou 9 meses, pode finalmente ocorrer uma recuperação econômica que provoque uma elevação dos rendimentos dos títulos públicos. Isso pode ajudar a alçar algumas ações do setor financeiro e nomes cíclicos, marcando o fim da corrida de alta dos setores de tecnologia sobrevalorizados.