O pregão de ontem foi marcado pela preocupação com a inflação e os riscos fiscais que continuam no radar.
Declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, estimularam apostas de um ciclo mais longo de aperto dos juros.
Em Lisboa, ele elevou o tom de preocupação ao afirmar que “é importante ser realista e entender o quão disseminada está a inflação e quão difícil será o trabalho do BC”.
A PEC dos precatórios está sendo negociada com mudanças no texto no Senado, com grandes chances de voltar à Câmara, o que complicaria o calendário eleitoral do governo, que pode optar pela prorrogação do auxílio emergencial, uma alternativa que piora ainda mais os riscos fiscais e impõe maior cautela ao investidor.
Não bastasse as dúvidas sobre o Auxílio Brasil e a PEC dos Precatórios, o Presidente decidiu conceder reajuste aos servidores públicos usando recursos da PEC, em uma sinalização de que as medidas populistas avançam sobre a política fiscal.
O Auxílio Brasil começa a ser pago nesta quarta feira, com a promessa do complemento retroativo para os R$ 400. A PEC dos Precatórios pode não sair a tempo e o governo pode optar pela pior opção: a prorrogação do auxílio emergencial.
Hoje o governo deve manter uma estimativa para o PIB de 2022 acima de 2%, na contramão do mercado financeiro, que já projeta crescimento zero ou retração.
O dólar continua sua escalada revelando o desconforto do mercado com o aumento dos riscos fiscais, em meio a um ambiente inflacionário.
A inflação não é uma preocupação exclusiva do Brasil. O mundo todo está em alerta com o choque de oferta causado pela pandemia, sobretudo com a escalada dos preços do Petróleo, mas que agora sinaliza a possibilidade de arrefecimento de demanda a partir de dezembro.
O mercado doméstico deve continuar sob pressão, com as negociações da PEC dos Precatórios e as novidades sobre o reajuste dos servidores no Radar. Fique de olho.