E como consequência direta e natural afeta a perspectiva imediata para o país, e, como reflexo o sensor principal tende a repercutir este sentimento, ou seja, o preço do dólar passa a manter consistente tendência de apreciação frente ao real, até num momento em que as moedas emergentes até revelam reação positiva frente à moeda americana.
O secretário do Tesouro, Mansueto Almeida pontuou ontem:
“O país tem boas oportunidades de investimento e que poderá atrair capital externo no pós-crise se instituir marcos regulatórios adequados.”
"Se haverá ou não investimento em aeroportos, rodovias, saneamento, no setor de energia, tudo depende de construirmos marcos regulatórios adequados e atrativos."
A consistência dos marcos regulatórios não se sustentam unicamente com normativos legais, mas fundamentalmente com credibilidade e esta é duramente atingida quando o contexto do país acentua a percepção de risco político, que acaba por se sobrepor ao risco comercial, acarretando insegurança jurídica.
De nada vale termos um CDS mediano em torno de 300 pontos, pois o risco político inibe os investidores estrangeiros que serão absolutamente necessários na implementação do programa de privatizações, visto que o governo por si só não tem condições e a iniciativa privada é investidora quando há o patrocínio do BNDES.
A Fitch, agência de rating, rebaixou ontem para "negativa" perspectiva para rating do Brasil e cita renovado risco político.
A percepção do incremento de risco político fragiliza a perspectiva de recuperação de atratividade do país ao investidor estrangeiro, e, desta forma projeta maior dificuldade para retomada de fluxos positivos no câmbio e até estagnação no programa de privatizações.
E as perspectivas, que já estão afetadas pela crise fiscal que deve agravar-se pelo incremento do enfrentamento da crise do coronavírus, tendem a piorar em muito com o novo contexto propagando o risco político, intensificando a dimensão do desafio a que está submetido o país.
Há uma dicotomia que provoca desalento e perturbações envolvendo ciência e economia, e isto na medida em que não encontra um alinhamento de convergência positiva cria perturbações e desordenamentos preocupantes.
Por outro lado, as decisões do Congresso nacional, por vezes, ocorre como se o ambiente no país fosse normal, e notoriamente o Governo Federal vem concedendo benesses que já estão muito acima de sua capacidade e tudo leva a crer que poderá adotar medidas heterodoxas para poder suportá-las se a crise do coronavírus se prolongar além do previsto.
Neste momento, Europa e Estados Unidos emitem sinais de flexibilização, enquanto, em realidade, não sabemos em que estágio o Brasil está efetivamente, e é crescente a inquietação da população.
O Brasil vinha delineando um nicho de saída para a retomada da atividade econômica via o agronegócio alavancado pelo “câmbio alto”, mas naturalmente mantendo a perspectiva de que o país poderá retomar atratividade para investimentos estrangeiros focados na sua infraestrutura, mas agora pode ver frustrada esta expectativa em decorrência do risco político, e haverá no mundo inúmeras oportunidades de investimentos para a reconstrução de inúmeras economias pós pandemia.
Hoje, o COPOM/BC decidirá sobre a taxa SELIC e tudo leva a crer que será reduzida em 0,50 pontos passando de 3,75% para 3,25% e deixando indicação de que poderá haver novo corte idêntico, tendo em vista a inércia da inflação, contudo, acreditamos que nesta linha cada vez mais estará afastado do nosso mercado o investidor estrangeiro que tem participação no financiamento da nossa dívida pública.
Entendemos relevante que se avalie de forma rigorosa, mas racional e menos emocional, a real eficácia destas reduções.
Se já estava desafiadora a situação para o país com a complexidade de inúmeros fatores relevantes negativos, acreditamos que agora com o crescimento da percepção, principalmente externa, de risco político tende a ficar mais complexa.
Muito difícil prognosticar uma reversão no viés de alta da moeda americana no nosso mercado.