O presidente do Federal Reserve em Nova York, John Williams, afirmou que não previa uma recessão nos EUA em seu cenário-base. Aqui na CapitalSpectator.com compartilhamos dessa visão. Não se trata de uma adesão cega às previsões de uma autoridade do banco central, mas de uma visão baseada em dados. Não de um único indicador, mas uma ampla variedade dos números.
Não é demais lembrar que, como costuma acontecer no mercado financeiro, tudo pode mudar amanhã. É justamente por isso que ressaltamos a importância de reavaliar as posições todos os dias, à medida que novos números são disponibilizados. Mas, com o atual conjunto de dados em mãos, tudo leva a crer que o risco de recessão nos EUA ainda é baixo. E o cenário é o mesmo se olharmos para o futuro próximo.
Respaldamos nosso ponto de vista na estimativa de baixo risco de recessão do principal indicador das atualizações semanais do relatório The US Business Cycle Risk Report. O Índice Composto de Probabilidade de Recessão (CRPI, na sigla em inglês) estima atualmente uma desaceleração de apenas 10%.
O CRPI agrega sinais de vários indicadores de ciclo de negócios multifatoriais e, até que atinja 50% ou mais, a tendência é que prevaleça um viés de crescimento.
Para o curto prazo, os números também parecem relativamente positivos, com base em diversos indicadores próprios do relatório mencionado. Eu utilizo o Índice de Tendência Econômica (ETI) e o Índice de Momentum Econômico (EMI) para traçar um cenário de dois meses para a tendência macro dos EUA. Primeiro, vamos olhar pelo retrovisor: o desempenho do ETI e do EMI no acumulado até junho é o seguinte, de acordo com os dados mais atualizados.
Usando uma técnica estatística que estima os valores futuros para cada um dos 14 indicadores subjacentes usados no ETI e EMI e depois agregando os resultados, podemos dizer que ambos os indicadores continuarão sinalizando uma expansão até agosto. É uma expansão relativamente modesta/fraca, mas por enquanto é suficiente para afastar uma recessão.
Nunca é possível ter certeza em relação às previsões, obviamente, mas a técnica que utilizo para gerar as estimativas futuras do ETI e EMI é confiável e testada pelo tempo, o que me deixa confiante de que tais projeções ficarão bem próximas dos números concretos a serem divulgados.
Por fim, apresento uma perspectiva dos conjuntos de dados subjacentes que compõem o ETI e o EMI:
É assim que acompanho os indicadores econômicos. Caso o atual otimismo com a expansão da atividade tenha uma deterioração, terei um alerta antecipado nesses números. Em tese, o início de uma recessão poderia ocorrer já em junho, razão pela qual não podemos identificá-la nos dados disponíveis.
Entretanto, a julgar pelo vigor da economia americana, o mais provável é que vejamos a expansão da atividade no primeiro semestre do ano. Minhas projeções para julho e agosto são semelhantes, ainda que com um grau menor de confiança. Quanto maior o horizonte de análise, menor a confiança em sua precisão.
Em suma, o risco de recessão continua baixo em tempo real e no curto prazo. A expectativa é que essa perspectiva continue verdadeira para o futuro, mas é preciso confirmá-la com os dados que ainda serão divulgados. A determinação do início de uma contração nos EUA é uma atividade em constante evolução, um dia de cada vez.