A expectativa de agentes consultados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, era de que 2019 fosse marcado pela retomada do crescimento econômico no País, o que, consequentemente, poderia elevar a demanda da população por carne.
No correr do ano, porém, o mercado foi considerando crescimentos cada vez menores. De acordo com o Boletim Focus, de 30 de dezembro, o PIB brasileiro, em 2019, deve fechar com crescimento de 1,2%, contra expectativa inicial de 2,5%. Assim, a recuperação lenta da economia limitou o consumo de carne ovina – que, vale lembrar, é uma proteína de maior valor agregado – e impediu maiores reajustes nos preços. Dessa forma, ainda que o levantamento do Cepea mostre alta nas cotações da carcaça de cordeiro em 2019, a valorização ficou aquém do esperado por agentes do setor.
Dentre os estados acompanhados pelo Cepea, a maior valorização da carcaça de cordeiro de 2018 para 2019, de 6,6%, foi registrada no Rio Grande do Sul, onde a proteína teve média de R$ 18,00/kg no ano. Na Bahia, a alta no preço foi de 1,4% na mesma comparação, com a carcaça registrando média anual de R$ 14,07/kg. Em São Paulo, porém, a competição com produtos importados fez com que os preços recuassem, principalmente no primeiro semestre. Dessa forma, a média anual da carcaça ficou 1,2% inferior à de 2018, a R$ 21,29/kg.
As altas anuais, por sua vez, foram influenciadas, em sua maioria, pelos reajustes observados no final de 2019. Pesquisadores do Cepea indicam que, além do incremento sazonal na procura pela proteína ovina no período, o alto preço das carnes concorrentes, principalmente a bovina, impulsionou os valores da carcaça de cordeiro, que atingiram, em dezembro, a cotação máxima na Bahia (R$ 15,58/kg), no Ceará (R$ 14,00/kg), em Mato Grosso (R$ 20,00/kg) e Rio Grande do Sul (R$ 21,70/kg), em termos nominais – a série de preços do Cepea foi iniciada em setembro de 2015.
As movimentações do animal vivo acompanharam o mercado da carne. De acordo com dados do Cepea, a maior valorização do cordeiro (11,6%) em 2019 foi registrada no Rio Grande do Sul, com o animal negociado na média de R$ 7,18/kg. No Paraná, a alta no preço foi de 4,9%, com o animal comercializado a R$ 8,32/kg. Já no estado paulista, assim como para a carne, não houve melhora nas vendas do animal vivo e a cotação média recuou 3,3% no ano, a R$ 8,84/kg.