Após registrar um 2017 de recuperação, o setor suinícola voltou a enfrentar dificuldades em 2018. De acordo com pesquisas do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, os custos de produção com alimentação (milho e farelo de soja) subiram, as exportações da proteína foram limitadas por conta do embargo russo – que durou praticamente todo o ano – e os preços do animal vivo e da carne caíram. Esse cenário desfavorável levou, inclusive, muitos produtores a deixaram a atividade.
Entre janeiro/18 e dezembro/18, o preço médio da saca de 60 kg de milho na região de Campinas (SP) foi de R$ 36,90, alta de 26% em relação ao de 2017, em termos nominais. Para o farelo de soja, a valorização foi de 30% na mesma comparação, com a média a R$ 1.275,82/tonelada em 2018.
Quanto ao embargo da Rússia, foi anunciado em dezembro de 2017 e mantido até outubro de 2018, sob alegação de presença de ractopamina na carne brasileira. A suspensão das compras por parte daquele país acabou reduzindo significativamente as exportações nacionais, principalmente no primeiro semestre. Segundo dados da Secex, de janeiro a dezembro de 2018, o volume de carne suína exportada somou 635,8 mil toneladas, queda de 7% frente ao de 2017. A receita totalizou R$ 4,4 bilhões, montante 15% inferior ao recebido de janeiro a dezembro de 2017.
Por outro lado, é importante ressaltar que houve aumento no volume embarcado para outros destinos, principalmente em decorrência dos surtos de peste suína em alguns países. Os envios à China entre janeiro e dezembro de 2018, por exemplo, cresceram expressivos 216% em relação aos do mesmo período de 2017.
A retração das exportações totais se juntou à produção de suíno crescente, contexto que acabou elevando a disponibilidade doméstica e pressionando os valores do animal e da carne. De acordo com a Pesquisa Trimestral do Abate de Animais, divulgada pelo IBGE no dia 12 de dezembro, entre janeiro e setembro de 2018, foram abatidas 33,1 milhões de cabeças de suínos, 3% acima dos três primeiros trimestres de 2017 e também um volume recorde no último trimestre, considerando-se toda a série do Instituto, iniciada em 1997.
Entre janeiro e dezembro de 2018, a carcaça especial suína, negociada na Grande São Paulo, teve média de R$ 5,55/kg, desvalorização de 14% frente ao mesmo período de 2017, em termos nominais. O preço médio da carcaça comum foi de R$ 5,26/kg, queda de 13% na mesma comparação.
As baixas nos preços da carne se refletiram ainda na comercialização do suíno vivo em todas as regiões do País. Na praça de SP-5 (Bragança Paulista, Campinas, Piracicaba, São Paulo e Sorocaba), entre janeiro e dezembro de 2018, a média do animal vivo foi de R$ 3,50/kg, queda de 15% frente à de 2017, em termos nominais. Na região mineira de Belo Horizonte, no mesmo período, o recuo foi de 14%, com a média de 2018 a R$ 3,59/kg.
Vale ressaltar, no entanto, que, em junho, os preços levantados pelo Cepea registraram um forte movimento de alta, o que esteve atrelado à greve dos caminhoneiros no final de maio. Naquele período, as cotações da proteína animal foram impulsionadas, devido ao menor número de lotes de suínos com peso adequado para abate e à maior procura dos mercados e distribuidoras para reabastecimento de seus estoques de carne.