O mercado de milho em 2018 foi marcado pela forte queda na produção nacional, resultado da menor produtividade no campo, que, por sua vez, foi prejudicada pelo clima, de acordo com dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. A menor oferta sustentou os preços domésticos na maior parte do ano, reduzindo a competitividade do cereal no mercado externo, contexto que limitou as exportações do milho. Em termos globais, também houve redução na oferta.
Em janeiro/18, o estoque inicial da safra 2017/18 era o maior da história, de 17,2 milhões de toneladas. Essa previsão de maior disponibilidade pressionou as cotações no final da temporada passada, o que acabou influenciando na decisão do produtor de reduzir a área com o milho de verão. Segundo dados da Conab, a área da temporada de verão 2017/18 caiu 7,3% e a produtividade, 5,1%, resultando em produção de 26,81 milhões de toneladas, volume 12% inferior ao da safra anterior.
Após o semeio de milho da segunda safra ter sido concluído de forma satisfatória no primeiro trimestre, a estiagem de abril a maio em praças de Mato Grosso do Sul, Paraná e São Paulo prejudicou o desenvolvimento das lavouras, contexto que deixou agentes incertos quanto à produção. De acordo com a Conab, a produção nacional de segunda safra se consolidou em 53,97 milhões de toneladas, redução de mais de 19% em relação à temporada anterior, devido às quedas de 15,2% na produtividade e de 4,6% na área. Com isso, a produção total foi de 80,78 milhões de toneladas, 17% abaixo à temporada anterior, segundo a Conab.
Nesse mesmo período – especificamente em maio –, a greve dos caminhoneiros trouxe incertezas quanto aos valores dos fretes. Todo esse cenário limitou as negociações envolvendo milho e elevou os preços. Assim, no balanço do primeiro semestre, o Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas – SP) subiu 9,5%, com média de R$ 38,65/saca de 60 kg no período, 23% acima da observada na primeira metade de 2017, em termos nominais.
No segundo semestre, produtores/vendedores, atentos à menor produção, postergaram ao máximo as negociações do cereal, à espera de preços maiores. Esse fato somado às valorizações do dólar frente ao Real, em decorrência do cenário político, impulsionaram com força os valores do milho em agosto. Já em setembro e outubro, no entanto, o avanço da colheita e a consequente maior disponibilidade pressionaram as cotações do cereal.
No último bimestre do ano, os preços retomaram o movimento de alta, principalmente nas regiões consumidoras, influenciados pela maior demanda para reposição de estoques e pela posição retraída de vendedores. No segundo semestre de 2018, a média do Indicador foi apenas 1,1% inferior à do primeiro semestre, mas 30% superior à observada na segunda metade de 2017, em termos nominais.
No acumulado do ano, o Indicador subiu 15,3%, a R$ 38,93 no dia 28 de dezembro. Na média das regiões acompanhas pelo Cepea, houve aumento de 23,7% no mercado de balcão e de 19,5% no de lotes.
Na média do ano, os preços brasileiros estiveram cerca de 20% superiores aos norte-americanos e 4% acima dos argentinos. Essa menor competitividade do milho brasileiro no mercado internacional influenciou na queda das exportações na safra 2017/18.
Além dos preços elevados no mercado interno, disputas internacionais entre os Estados Unidos e a China elevaram a atratividade da soja brasileira, fazendo com que tradings optassem por exportar a oleaginosa – e isso deslocou o volume armazenado de milho para o mercado interno.
No início da safra, a Conab estimava que as exportações na temporada 2017/18 (de fevereiro/18 a janeiro/19) atingissem 30 milhões de toneladas. Porém, ao longo da safra, as estimativas foram reajustadas, passando para 23 milhões de toneladas atualmente. Segundo dados da Secex, de fevereiro/18 a dezembro/18, as exportações brasileiras somam 20,89 milhões de toneladas, 24,99% abaixo do volume do mesmo período de 2017.
Caso as atuais estimativas da Conab se concretizem, o estoque final da safra 2017/18 (final de janeiro/19) devem atingir 15,9 milhões de toneladas. Apesar de ser 8% menor em relação à temporada anterior, ainda é considerado um estoque confortável em termo de abastecimento interno para o período de entressafra.
Em termos mundiais, a produção na safra 2017/18 é estimada em 1,07 bilhão de toneladas, quantidade 4,1% inferior à anterior, segundo o USDA. Nos Estados Unidos, principal produtor mundial do cereal, a produção foi de 370,96 milhões de toneladas, queda de 3,6% em relação ao ano anterior.
O consumo da temporada foi estimado pelo USDA em 1,08 bilhão de toneladas, aumento de 0,2% em relação à safra anterior. As transações internacionais são estimadas em 151 milhões de toneladas, incremento de 6,6% em relação à temporada passada. Os Estados Unidos seguem como principal exportador mundial do cereal, seguido pelo Brasil, Argentina e Ucrânia. Assim, o estoque mundial atingiu 340,2 milhões de toneladas, quantidade 2,9% inferior à da temporada passada.