O ano de 2018 foi marcado por incertezas e instabilidade para agentes das revendas agropecuárias consultadas pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP. Ao mesmo tempo em que os preços dos insumos subiram, sobretudo no período da greve dos caminhoneiros, a demanda esteve enfraquecida na maior parte do ano. No entanto, a determinação das eleições em outubro, o período de campanha de vacinação contra febre aftosa em novembro – quando pecuaristas realizam grandes compras – e o início das chuvas elevaram o volume de vendas no encerramento do ano.
1º SEMESTRE – 2018 se iniciou com vendas enfraquecidas, como já era esperado pela maioria das casas agropecuárias acompanhadas pelo Cepea. Comumente, depois do período de campanha contra febre aftosa em novembro/17, o movimento de mercado e o volume de negócio estiveram enfraquecidos nos meses seguintes.
Porém, em maio, as vendas voltaram a crescer, influenciadas pela primeira – e principal – campanha obrigatória contra febre aftosa para o rebanho do País todo. Contudo, agentes foram surpreendidos nesse período pelo aumento da tabela dos preços de medicamentos, em cerca de 10% a 20%. Como as vendas já estavam enfraquecidas no primeiro trimestre, vendedores não conseguiram repassar todo o reajuste do medicamento ao produtor imediatamente, diluindo os aumentos ao longo dos meses.
Outro fator que dificultou as negociações nas revendas ainda no primeiro semestre foi a greve dos caminhoneiros no final de maio. Com a falta de insumos, a consequente valorização de alguns produtos – os preços dos medicamentos subiram cerca de 2% de maio para junho em termos reais, deflacionados pelo IGP-DI de outubro/18 – e os aumentos do frete e do dólar, o movimento nas revendas ficou reduzido.
2º SEMESTRE – Com o mercado no aguardo da definição eleitoral, o ritmo de negócios esteve bem lento entre julho e outubro. Nesse período, colaboradores do Cepea relataram dificuldades em negociar altos volumes, já que muitos pecuaristas estavam receosos em realizar grandes investimentos, diante das incertezas política e econômica do País.
Assim, muitos deixaram para adquirir insumos – especialmente medicamentos – em novembro, visando até mesmo aproveitar o manejo da aplicação obrigatória da segunda campanha da vacina contra aftosa. Além disso, mais para o final do semestre, agentes demandaram adubos e fertilizantes, devido ao aumento sazonal do volume de chuvas nos últimos meses do ano, que favorece a reforma de pastagens.