A cada dia em que avançam as vacinações por todo o país, as projeções da retomada da economia para 2021 também avançam. É o que nos dizem os dados mais recentes de acompanhamento.
A média móvel de 7 dias de vacinas administradas em tendência de alta. Caso as previsões de remessas de novos lotes se confirmem e o Brasil não fique sem estoques de vacinas, essa média tende a aumentar ainda mais, levando em conta nossa alta capacidade de vacinação em massa.
Tal avanço parece ter trazido mais confiança para a população retomar sua vida “normal”. Segundo dados da FGV, os níveis de confiança do consumidor tiveram melhora significativa desde março desse ano.
Outro indicador que demonstra esse retorno à vida normal diz respeito a mobilidade. Os dados fornecidos pelo Google (NASDAQ:GOOGL) (SA:GOGL34) e pelo Waze demonstram que a população está saindo mais de casa, pois a taxa de mobilidade da população já está quase voltando aos níveis pré-pandemia.
Esses são apenas alguns de tantos indicadores que apontam que a economia brasileira está em franca recuperação. Quando olhamos pela ótica dos investimentos, podemos identificar setores que ainda possuem espaço para recuperação e empresas que podem se favorecer desse momento.
Na análise fundamentalista, existem dois caminhos a serem seguidos para encontrar empresas com potencial de valorização. Uma se chama abordagem Bottom-Up, e outra se chama abordagem Top-Down. Falando especificamente da análise Top-Down, essa abordagem toma em primeiro plano o contexto macroeconômico, depois procura encontrar os setores que mais se beneficiam desse contexto, e por fim, empresas dentro desses setores que estejam baratas e sejam boas oportunidades.
Sendo assim, se estamos verificando através dos dados que nossa economia está se recuperando de forma consistente, o próximo passo é entender quais os setores que mais tendem a se beneficiar nesse contexto. No artigo de hoje irei focar nos principais setores que irão ou já estão aproveitando esse momento para crescer, para que você tenha um filtro inicial em suas análises de ações.
EXPORTADORAS DE COMMODITIES
Quem já acompanha meus artigos sabe que venho falando sobre o início de um ciclo de alta nas commodities desde o final de 2020, principalmente por conta da retomada da economia chinesa.
Poderíamos pensar que o “timing” para entrar em empresas desse setor já tenha passado, até porque o Ibovespa já se valorizou em 2021 e 35% do índice é formado por empresas de commodities.
Entretanto, acontece que historicamente ciclos de commodities tendem a durar por períodos longos, o que por consequência alonga também o crescimento de resultados das empresas desses setores. Portanto, mesmo com altas já verificadas, empresas desse setor ainda podem estar descontadas perante suas projeções de crescimento.
AGRONEGÓCIO
Talvez essa seja a maior vocação econômica do nosso país, ao menos atualmente. Além da vocação “natural” por conta de nosso clima diversificado e pelo tamanho de nossas terras, o agronegócio brasileiro evoluiu muito nos últimos anos nos campos de pesquisa e produtividade.
Com o aumento pela demanda de alimentos na pandemia e o câmbio extremamente favorável, o agronegócio vem batendo cada vez mais recordes.
Levando em conta que esse ciclo pode se manter por um bom tempo, empresas do setor podem ser uma boa opção para composição de portfólio.
SIDERURGIA
Na esteira da retomada da economia, o setor de siderurgia tem aproveitado muito bem esse momento. Tanto na China quanto nos Estados Unidos, setores como o de construção civil e varejo começam a se aquecer, o que demanda muito aço para sua produção.
A produção de aço chinesa (CSP) subiu 14% em 2021. Mesmo com produção interna, a China ainda assim demanda aço do mercado externo.
Já nos Estados Unidos, empresas brasileiras de siderurgia possuem unidades no país, e já começam a abastecer o mercado interno também em notável recuperação.
No Brasil, um retorno no crescimento dos dois próximos setores desse artigo também demandará por aço, o que reforça ainda mais essa tese setorial.
CONSTRUÇÃO CIVIL
O setor de construção civil possui uma correlação muito positiva com o crescimento do PIB. No Brasil, o setor não cresce desde 2015. Ou seja, já são 6 anos de estagnação em uma das áreas que mais emprega e possui mais camadas em sua cadeia. Nossa matriz econômica é extremamente dependente do setor para crescer como um todo.
Além da questão do reaquecimento econômico, uma combinação de aluguéis caros (a maioria reajustada pelo IGP-M) e juros baixos também impulsiona o setor.
Durante a pandemia, o mercado imobiliário das classes A e B se manteve forte. Entretanto, para que o mercado imobiliário das classes C e D volte a crescer, precisamos que haja maior estabilidade e crescimento nos níveis de emprego, pois só assim as pessoas se sentirão confiantes para comprar um imóvel e assumir um financiamento de décadas.
VAREJO
Em um dos meus artigos anteriores comentei que a taxa de poupança do brasileiro nunca esteve tão alta. Ou seja, temos uma grande demanda reprimida por produtos e serviços, que estão prestes a transbordar por conta do prolongado distanciamento social.
É inegável que a pandemia mudou muitos hábitos de consumo da população. Um deles foram as compras on-line. O segmento foi um dos maiores “vitoriosos” dessa crise.
A necessidade fez também com que muitas gigantes do varejo precisassem reinventar seus canais de venda para o mundo digital visando se adaptar ao momento. Com a diminuição do distanciamento social, as lojas físicas também tendem a voltar a faturar.
Entretanto, o varejo conseguiu se sustentar muito por conta do auxílio emergencial, que impulsionou as vendas mesmo com o aumento drástico no desemprego. O grande desafio aqui é manter o consumo elevado, mesmo sem esse benefício.
OUTROS SETORES PARA FICAR DE OLHO
O setor de Saúde foi um dos que mais se valorizou em 2021, e tende a seguir por esse caminho. O déficit histórico de leitos, a redução de internações com o avanço da vacinação, o envelhecimento da população e o surgimento de grandes e eficientes conglomerados no setor faz com que o setor mereça uma atenção especial.
O aumento nos juros e a maior necessidade de crédito pode também fazer com que os Bancos aumentem seus resultados nos próximos trimestres. O desafio dos bancos tradicionais segue sendo lidar com a concorrência das fintechs e a pulverização do setor.
No ramo imobiliário, os setores de Shoppings e Hotéis foram alguns dos que mais sofreram com a pandemia, e seus preços seguem abaixo do valor justo das companhias.
O setor de Transporte aéreo também tende a se beneficiar com a maior taxa de mobilidade da população e a volta das viagens mais longas, além de uma pressão menor em seus custos por conta de um recuo na cotação do dólar.
Cabe ressaltar que o crescimento de determinado setor não garante que todas as empresas desse grupo terão bons resultados. Nesse momento entra a última camada da análise Top-down: o comparativo de múltiplos entre as empresas do mesmo setor.
Por fim, a diversificação segue como maior e melhor ferramenta para reduzir o risco de sua carteira. Evite uma elevada concentração setorial.
E você? Quais setores você acha que serão os maiores vencedores nessa etapa de retomada? Deixe aqui nos comentários!
Abraços e até o próximo artigo!