A semana do Copom foi de queda nas taxas de juros futuros ao longo de toda a estrutura a termo. Apesar do conteúdo do comunicado do Copom, o mercado continuou a precificar a possibilidade de redução da Selic em agosto.
Os principais vetores que influenciaram o fechamento da curva de juros foram:
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o receio de recessão global reforçado por dados fracos de atividade. Os índices de gerentes de compras (PMIs) da zona do euro, Reino Unido e EUA vieram abaixo do esperado, ampliando o pessimismo sobre a economia mundial, amparado ainda nas indicações de que o Fed vai voltar a subir os juros em julho e que o ciclo de aperto monetário pelos bancos centrais na Europa vai continuar. Os bancos centrais de Reino Unido, Turquia, Noruega e Suíça elevaram juros,
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a percepção de que o Copom deve amenizar o tom do comunicado na ata da terça-feira (27),
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o otimismo em relação à evolução da reforma tributária no Congresso. O presidente da Câmara tem reforçado que quer votar o texto no plenário da Câmara na primeira semana de julho,
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a expectativa de continuidade da desinflação. O IPC-S da terceira quadrissemana caiu 0,24%, após recuo de 0,17% na semana anterior,
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a continuidade da “aposta de que o BC vai iniciar o ciclo de afrouxamento monetário em agosto", dada a expectativa de deflação do IPCA em junho, associada à perspectiva de que o Conselho Monetário Nacional (CMN) não fará mudanças drásticas na meta de inflação,
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mais um dado favorável de inflação. A aceleração da queda do IGP-M para -1,78% na segunda prévia de junho, de -1,50% na mesma apuração de maio,
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e uma nova rodada de redução das expectativas de inflação e Selic no Boletim Focus (19).
Fizeram o contraponto mas não impediram o fechamento da curva de juros:
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o conteúdo do comunicado do Copom que manteve a Selic em 13,75% ao ano como amplamente esperado pelo mercado, mas contrariou ao não sinalizar a possibilidade do início do ciclo de baixa da taxa básica em agosto,
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e a frustração do mercado com a decisão do BC chinês de reduzir o juro em 10 pontos-base, ante expectativa de queda de 15 pontos, o que renovou preocupações com o ritmo de crescimento da segunda maior economia do mundo.
No Relatório de Mercado Focus (26), a projeção para a inflação oficial deste ano passou de 5,12% para 5,06%, ainda acima do teto da meta (4,75%). Um mês antes, a mediana era de 5,71%. Para 2024, foco da política monetária, passou de 4,00% para 3,98%. Há um mês era de 4,13%. A mediana supera o centro da meta (3,00%), mas está dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%.
A conferir o que estará no radar do mercado
No Brasil
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se o Banco Central vai amenizar o tom de sua comunicação na ata da reunião do Copom na terça-feira (27),
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o IPCA-15 de junho também na terça-feira (27),
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a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) na quinta-feira (29) na qual serão discutidas as metas de inflação para 2024, 2025 e 2026,
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o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) do segundo tri também na quinta-feira (29). Na sequência o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, e o diretor de Política Econômica, Diogo Guillen, concedem entrevista coletiva,
No exterior
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a participação dos presidentes dos principais bancos centrais do mundo no Fórum organizado pelo Banco Central Europeu (BCE), em Sintra, Portugal, entre 27 e 29 de junho. No último dia do evento, estarão reunidos em um painel Jerome Powell (Fed), Christine Lagarde (BCE) e Andrew Bailey (BoE),
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o índice de preços dos gastos com consumo (PCE) dos EUA em maio, medida preferida de inflação do Fed, na sexta-feira (30),
O dólar no mercado à vista terminou o pregão da sexta-feira (23) cotado a R$ 4,7779, desvalorização de 0,87% na semana e de 5,82% em junho. No mês, o real apresenta o melhor desempenho entre as moedas latino-americanas e as principais divisas de exportadores de commodities.
Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:
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os dados fracos de atividade na Europa e nos EUA, que ainda estão em meio a ciclos de aperto monetário, aumentando os temores de recessão global,
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o comunicado do Copom, que não deu um sinal explícito de corte de juros em agosto, mostrando compromisso com a estabilidade de preços,
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e a entrada de fluxo comercial.