Giro semanal
Semaninha tranquila, hein, pessoal?
Olha o vídeo do Moro! Já passou!
Olha o teste da Covid-19 do JB! Já passou!
Empresas fazendo oferta em plena crise! Está passando!
Votação no Senado para limitar os juros do cheque especial e aumentar a CSLL dos bancos! Suspensa!
Com tantas notícias que impactam as empresas da bolsa brasileira, o investidor nunca morre de tédio.
Mas sem grandes mudanças nos fundamentos, o Ibovespa vai oscilando na banda de 74-82 mil pontos já tem quase um mês.
Sempre reforçamos aqui: o mais importante, nesses momentos, é separar os ruídos dos sinais, e focar naquilo que realmente importa.
Boa parte dos resultados das empresas listadas na bolsa já foi divulgado e já vemos indícios daquilo que devemos esperar para os trimestres subsequentes.
Quais as empresas mais preparadas para sobreviverem à crise? Quais delas sairão fortalecidas? O que mostram os resultados do 1T20?
"E o dólar, hein?"
Enquanto o Ibov "carangueja" de um lado para o outro, o dólar parece que se amarrou no "rabo de um cometa".
No mesmo espaço de um mês, a moeda americana já se valorizou mais de 14 por cento. E, em 2020, + 46 por cento.
É engraçado, mas apesar da pergunta: "e o dólar, hein?" ter se intensificado em tempos de tensão como o que estamos vivendo, com recorde atrás de recorde, ela sempre esteve presente no meu dia a dia.
O vizinho me pergunta no elevador, os amigos me perguntam por mensagem — antes e depois das viagens.
Há uma frase célebre no mercado que diz: "o câmbio foi feito por Deus para deixar os economistas mais humildes".
E olha, eu demorei para entender isso!
Quando eu era mais novo, até tentava cravar nos palpites. Arrogância pura.
Aí o mercado trata de passar um corretivo na gente. Não só no dólar, mas na bolsa e nos juros também. Todos os dias. Deixa todo mundo que gosta de fazer previsões bem mais humilde.
Mas voltando ao dólar: minha resposta padrão começa com "eu não faço a menor ideia". E depois emendo com: "mas dependendo do que você busca, eu posso te ajudar a encontrar a melhor maneira de ficar comprado ou vendido".
What To Do
As pessoas buscam informações sobre o dólar para algumas finalidades.
A primeira delas é sempre viagens.
Se você viaja para fora, pelo menos uma vez por ano, na minha cabeça faz sentido ter de um a dois anos das despesas em dólar. O market timing é difícil de fazer. Se por acaso a cotação cair muito depois de já ter feito a sua reserva, então compre na véspera. Se subir muito, use a reserva e reponha ao longo de 12 meses. Simples assim.
A maneira mais barata de fazer esse hedge (proteção) é comprando um fundo cambial.
Atenção: nos bancos tradicionais as opções de fundos cambiais cobram mais de 1 por cento ao ano.
Há uma maneira um pouco mais sofisticada: abrir conta em um banco digital americano ou europeu, e poder usufruir de alguns benefícios, como ter o cartão de débito e crédito da própria conta em viagem.
A segunda delas é a proteção da carteira.
Faz sentido carregar um fundo cambial como forma de proteger a carteira?
Nós já rodamos vários estudos que mostram que carregar dólar na carteira apresenta um sharpe ruim. Isso significa que o tipo de risco/retorno que o ativo apresentou, quando analisadas várias janelas, teria sido melhor se, simplesmente, tivesse mais caixa.
É claro que, se a gente rodar uma janela muito curta, em 2020, por exemplo, não tenho a menor dúvida de que teria valido a pena. Mas se fosse possível fazer qualquer previsão sobre isso, a gente também teria tido menos bolsa e mais caixa para comprá-la quando veio para os 60 mil pontos.
É importante dizer também que o diferencial de juros no Brasil era absurdo. O caixa era rodado em um CDI bem alto, algo que não veremos tão cedo à frente. Por outro lado, temos um real bastante depreciado.
Na minha cabeça o que sempre faz sentido é procurar por ativos geradores de valor em dólares. E aí, há pelo menos duas boas opções:
1) Ter uma parcela da carteira em ações de empresas brasileiras exportadoras. Custo em reais, receitas em dólar.
2) Investir diretamente na bolsa americana. Ao contrário do Ibovespa, que é mal construído e muito concentrado, e com poucas empresas e setores, eu não acho ruim investir por meio de um ETF. O IVVB11 faz bem esse papel, apesar de já começar a achar o S&P um pouco esticado.
Se você é um investidor colecionador de bons ativos, orientado para o longo prazo, o melhor a se fazer, então, são compras parciais.
Agora, o que tem me entusiasmado, mais recentemente, é por investir em ações de algumas empresas americanas. Fazer stock picking.
Hoje em dia é muito fácil abrir conta em uma corretora lá fora. Basta alguns clicks e menos de 1.000 dólares para começar.