- Resultados do 4T2018 serão divulgados na terça-feira, 22 de janeiro, após o fechamento do mercado;
- Expectativa de receita: US$ 21,75 bilhões;
- Expectativa de lucro por ação: US$ 4,84.
Muita coisa está em jogo na divulgação dos resultados da International Business Machines (NYSE:IBM) no fim do dia de hoje. Seu antigo negócio de computadores de grande porte, os chamados mainframes, está em declínio, e novas iniciativas, como a computação na nuvem e a inteligência artificial, até agora não conseguiram produzir um crescimento sustentado para essa gigante da tecnologia.
Essa situação colocou muita pressão sobre a gerência da companhia, que se vê agora na necessidade de encontrar uma forma de não só reverter a queda nas vendas, mas também dar alguma vida ao preço das ações da Big Blue, que estão afundando.
O último trimestre mostrou que a gerência aceitou o fato de que sua estratégia de crescimento orgânico não está funcionando. Com isso, no final de outubro, a companhia anunciou que desembolsaria US$ 34 bilhões para adquirir a Red Hat (NYSE:RHT), empresa que disponibiliza soluções corporativas de código aberto, selando o maior acordo da história da IBM e um dos maiores negócios do setor de tecnologia nos EUA.
A expectativa é que a Red Hat dê um impulso imediato às receitas da IBM com a computação na nuvem. Além disso, a empresa possui um conjunto de produtos de software comprovados que podem ser vendidos através da equipe global de vendas da IBM.
Mas essa aquisição mudará o jogo para a IBM? Os investidores certamente estão se perguntando se essa onerosa adição será suficiente para reverter os seis anos de declínio nas vendas. A companhia de 107 anos está muito atrás dos seus concorrentes na indústria da computação na nuvem. Amazon (NASDAQ:AMZN), Google (NASDAQ:GOOGL) e Microsoft (NASDAQ:MSFT) já garantiram grandes parcelas do mercado.
Em seu balanço do terceiro trimestre, a receita com a computação na nuvem, que se tornou uma métrica-chave a ser observada, cresceu 10%, para US$ 4,5 bilhões. Trata-se de uma desaceleração em relação aos 20% de expansão no segundo trimestre. Quando a IBM divulgar seus números para o 4T hoje, os analistas esperam, em média, uma queda do lucro por ação para US$ 4,84, em comparação com os US$ 5,14 no mesmo período do ano passado. As vendas também devem sofrer um deslize de cerca de 4%, para US$ 21,75 bilhões.
Em nossa visão, será difícil para a IBM se reinventar como líder em novas tecnologias, pois enfrentará dificuldades para se desvencilhar do seu passado, quando seu crescimento era impulsionado por seus antigos mainframes, computadores gigantes que ajudam grandes empresas globais a processar dados complexos de TI.
Além disso, duvidamos das qualidades de liderança da CEO da IBM, Ginni Rometty. Ela está tentando recuperar essa gigante da tecnologia desde 2012 e, ao que parece, foram necessários seis anos para perceber que qualquer mudança só virá de uma aquisição externa.
Dito isso, nosso objetivo não é reduzir a importância da forte posição da Red Hat no setor da computação na nuvem, onde ela teria gerado US$ 3 bilhões em vendas no ano passado. Nosso problema continua sendo com a liderança da IBM que, em nossa visão, falhou em prever a mudança no cenário tecnológico com a rapidez necessária.
A IBM, que já chegou a dominar as primeiras décadas da computação com invenções como o mainframe e o disquete, deixou de ser inovadora. De fato, a empresa praticamente não representa um desafio significativo para os gigantes da tecnologia atualmente, que são vigorosos concorrentes na nova economia e se apoderaram da maior parcela das novas áreas de crescimento, tão cruciais para o sucesso da IBM.
Se a IBM não será uma das líderes na nova economia tecnológica, existe alguma razão para comprar suas ações? Com seus papéis sendo negociados a US$ 123,82 no encerramento do pregão de sexta-feira, um possível fator de atração é seu robusto dividend yield de mais de 5%, depois do duro golpe que a ação sofreu nos últimos cinco anos.
No entanto, a estabilidade desse provento é questionável, já que depende do sucesso da recuperação da companhia. Seu rentável negócio de mainframes, que aos poucos está perdendo o fôlego, não é capaz de sustentar para sempre seu fluxo de receitas. Numa época em que as empresas estão migrando rapidamente para a nuvem, a utilidade dos mainframes da IBM está caindo em ritmo acelerado.
Resumo
O desempenho da IBM nos últimos trimestres mostra que a empresa não é capaz de gerar crescimento consistente com seu portfólio de negócios. Acreditamos que existem oportunidades de renda e crescimento muito melhores à disposição no mercado. Não vemos qualquer valor em insistir em uma recuperação da IBM, que pode nunca vir a acontecer. Em nossa visão, a IBM é uma aposta perdedora, que os investidores inteligentes devem evitar.