Localiza (SA:RENT3) apresentou seus resultados e mais uma vez foram bons e com forte crescimento. A companhia sofreu um pouco por conta de uma depreciação maior, mas ao meu ver não impediu que a mesma crescesse mais um trimestre na casa dos dois dígitos. Entretanto, vale ressaltar que não houve muitas surpresas no resultado.
Localiza (SA:RENT3) os destaques
Confesso que nem sei por onde começar rs… Frota média alugada cresceu 34%!! E a receita líquida da parte de alugueis de carro cresceu 29,7% no 3T19 vs 3T18. A taxa de utilização se manteve em patamares saudáveis, mesmo com a forte expansão da frota, alcançando 78,6% no 3T19.
Infelizmente, as tarifas médias foram mais baixas e refletem o mix de aluguel, bem como o cenário mais competitivo e de juros mais baixos.
O segmento de Gestão de Frotas apresentou crescimento de 20,5% na receita líquida no 3T19 vs 3T18. Sendo que a Frota Média Alugada foi 25,7% maior em relação ao 3T18. Porém, houve também queda na diária média, que segundo a companhia, foi impactada pela precificação de novos contratos e a renovação dos já existentes em um contexto de baixos juros.
O segmento seminovo teve um resultado muito bom. Nos últimos 9 meses foram abertas 6 lojas e para o 4T19 estão previstas mais 10 lojas. O Volume de carros vendidos cresceu 22,3% vs 3T18.
Resultado em linha
É interessante notar que a receita tem crescido a um CAGR (Taxa de Crescimento Anual Composta) de 19,3%, bem acima da inflação no período. Para quem não sabe, essa taxa é um número fictício que estima à qual taxa um investimento teria crescido se os retornos fossem constantes. Vale ressaltar também que o segmento de seminovos suporta a renovação da frota das divisões de RAC (Aluguel de Carros) e Gestão de Frotas com o objetivo de reduzir os custos de depreciação.
O EBITDA da companhia também cresceu a um CAGR de 13,2% desde 2014, número também acima da inflação no mesmo período. O Fluxo de Caixa Operacional foi 26,8% (EX-IFRS16) maior quando comparado com o 3T18.
Notem que a margem EBITDA do seminovos voltou 2,6% demonstrando uma recuperação frente a outros trimestres, refletida por um aumento do patamar de depreciação.
O Lucro Operacional (EBIT), que mede a Lucratividade da empresa e sua eficiência no quesito operacional, teve alta de 15% (EX-IFRS16) vs 3T18. Parte do EBIT foi impactada por um aumento de 63,9% da depreciação de carros e outros imobilizados.
O Lucro Líquido consolidado (todas as atividades e EX-IFRS16) foi de R$ 205,9m, 28,8% maior vs 3T18. Grande parte do resultado se deve a um EBITDA maior no mesmo período que mesmo com uma depreciação de carros 72% maior vs 3T18, conseguiu entregar um Lucro Líquido neste nível.
Vale ressaltar, que por segmento, o seminovo continua dando prejuízo para a companhia.
E por que isso continua acontecendo?
Na foto fica nítido que a companhia ainda tem muito custo ao vender seus carros…
Por fim, sua dívida está em um patamar controlado. A companhia possui R$ 2,1bi de caixa e aplicações financeiras e uma dívida líquida de R$ 5,6bi. Entretanto, companhia terá que desembolsar R$ 1,9bi para honrar suas obrigações até 2022, o que é me deixa um pouco desconfortável para ela com um caixa neste patamar. Mas nos próximos 2 anos o pagamento é só de R$ 718m. Sua Dívida Líquida/EBITDA está em 2,9x, um patamar que para mim já está no limite do aceitável.
MEU OUTLOOK PARA RENT3 (SA:RENT3)
A companhia está conseguindo entregar um bom resultado e tende a continuar assim para os períodos. O cenário para o setor está melhorando, produção de autos no Brasil cresceu 3% YoY, venda de novos carros também cresceu 6% só no terceiro trimestre deste ano. Algum barulho sobre as locadoras terem de pagar ICMS nas vendas de seminovos podem voltar à tona, mas a trava de 24 meses para venda do ativo para mim está fora de cogitação de acontecer.
Além disso, o setor está sofrendo pressão de preços e alguns investidores já estão questionando se menores exportações para argentina poderiam pressionar os preços de carros novos e jogar para baixo os de seminovos.
Olhando para o valuation, não consegui encontrar margem de segurança para me sentir confortável. De fato, ela é a premium do setor, mas seus múltiplos já se encontram em patamares bem esticados.
O setor está na média de aproximadamente 14x EV/EBITDA, enquanto Localiza (SA:RENT3) está negociando a 18x forward. Seu P/VPA está 2x maior que a média do setor e seu P/L está bem acima de Movida (SA:MOVI3) (21x) e Unidas (25x).
O case é de growth e de fato a companhia tem conseguido entregar um forte crescimento. Mas a margem de segurança reflete apenas a minha opinião… Podemos ver Localiza (SA:RENT3) chegar a 50? 55? 60? Podemos mas no momento eu prefiro ficar de fora.
Era isso, valeu!