A “onda azul” esperada pelo mercado financeiro não se formou e a eleição presidencial nos Estados Unidos caminha para o pior cenário possível, com Donald Trump afirmando que irá à Suprema Corte, sob a alegação de fraude eleitoral. O republicano ganhou em estados decisivos - como Michigan, Texas e Flórida - e declarou vitória antecipadamente, provocando um intenso vaivém nos ativos, liderado pelos futuros em Nova York e o dólar.
O medo dos investidores era de que houvesse uma judicialização do processo eleitoral, deixando a disputa pela Casa Branca no limbo e tornando um resultado claro e rápido cada vez menos provável. Em pronunciamento, Trump afirmou que vai pedir à Justiça a interrupção da contagem de votos. A contestação refere-se aos votos recebidos pelos correios e que ainda não foram contados.
Joe Biden disse que Trump não irá roubar a eleição. As declarações do candidato à reeleição foram feitas apesar de ainda faltar apuração que poderia indicar sua vitória. E os trabalhos só serão retomados hoje. O democrata aparece à frente, com mais de 67 milhões de votos e 238 delegados, enquanto o atual presidente tem quase 66 milhões de votos e 213 delegados, de um total de 270 votos no colégio eleitoral necessários para ser eleito.
Diante do clima tenso entre os candidatos e levando-se em conta o ocorrido na eleição do ano 2000, quando Bush filho venceu apenas um mês depois da recontagem de votos, mercado financeiro se prepara para uma longa disputa eleitoral, com os investidores cientes de que a vitória só será conhecida daqui a alguns (vários) dias. E, até lá, tudo pode acontecer. Sem saber qual desfecho esperar, a busca por proteção ganha força, mas o movimento entre os ativos é indefinido, com a volatilidade reinando.
Vaivém no exterior
E a expectativa é de que o intenso vaivém entre os ativos de risco persista, ao menos até que o cenário eleitoral nos EUA fique mais claro. E isso diz respeito não apenas à Casa Branca, mas também ao Senado, com o otimismo inicial de uma “onda azul”, com os democratas superando os republicanos na corrida presidencial e entre os senadores dando lugar a um processo extenso e totalmente indefinido.
Desde ontem à noite, os índices futuros das bolsas de Nova York oscilam entre perdas acentuadas e ganhos moderados, realçando a volatilidade esperada para hoje, com os investidores tentando definir os preços dos ativos e a probabilidade de mudança de direção na Casa Branca. A disputa no Legislativo também influencia os negócios, com os democratas mantendo a maioria na Câmara e igualando os assentos no Senado.
O dólar também está em uma montanha-russa, alterando altas e baixas em relação às moedas rivais, e levando junto o petróleo, ao passo que o juro projetado pelo título norte-americano de 10 anos (T-note) testa a faixa de 0,8%. Nas demais bolsas, as praças sinalizam um dia no vermelho, após um pregão misto na Ásia, onde Tóquio teve alta firme (+1,7%), mas Hong Kong caiu (-0,2%) e Xangai ficou de lado (+0,2%).
Indústria e emprego em destaque
Diante dessa indefinição, a agenda econômica do dia fica em segundo plano. Ainda assim, merecem atenção dados sobre o emprego no setor privado norte-americano em outubro (10h15) e sobre a produção industrial nacional em setembro (9h).
Para a indústria brasileira, a expectativa é de crescimento de 2,5%, nas duas bases de comparação, na quinta alta mensal seguida e interrompendo dez resultados negativos consecutivos no confronto anual. Já os números da ADP devem mostrar a criação de 600 mil postos de trabalho, com a geração de emprego no setor privado dos EUA perdendo tração. Ainda por lá, destaque para os índices PMI e ISM sobre a atividade no setor de serviços no mês passado, por volta das 12h.
Logo cedo, na zona do euro, também sai o desempenho do setor de serviços. Ainda na agenda econômica, saem os dados semanais sobre a entrada e saída de dólares do Brasil (fluxo cambial), às 14h30, e sobre os estoques norte-americanos de petróleo bruto e derivados (12h30). O calendário nos EUA traz também o resultado da balança comercial em setembro (9h30).