Difícil de olhar, por isso estamos aqui!
Analisar o resultado da Energias do Brasil não é tarefa fácil. São diferentes segmentos – geração , distribuição, comercialização de energia – num setor que por si só já é complexo e cheio de regulações. Em minha opinião, não é o tipo de empresa que não deve ser a primeira opção para o investidor que está começando suas análises.
Mas por isso estamos aqui, para buscar traduzir aquilo que de fato não é trivial, e ajudar o investidor a entender o que se passa na empresa que você investe, ou eventualmente pensa em investir.
Números deixam a desejar
Já começo dizendo que, em minha opinião, os números do 2T19 da Energias do Brasil não foram dos melhores. Na geração tivemos menores preços de energia ante o 2T18 e a menor utilização de Pecem (termoelétrica); na comercialização um volume menor de energia comercializada; na distribuição menor reconhecimento de VNR que é o valor de reposição recebido pela concessionária pelo investimento feito no sistema. Esses 3 fatores levaram a uma queda de quase 18% nas receitas. Com receitas menores, nem mesmo o bom controle de custos da empresa foi capaz de impedir a queda no lucro que acabou se reduzindo igualmente em 17% nos R$ 189 milhões.
Bons motivos
Parte desse resultado mais fraco se deve a uma estratégia de sazonalização da venda de energia no segmento de geração. A empresa explica:
Receita Líquida foi de R$ 286,2 milhões no trimestre, decorrente da estratégia de sazonalização adotados pela Companhia, com maior alocação de energia para o segundo semestre quando comparado com o ano anterior. Além disso, a receita do trimestre reflete o PLD médio de R$ 131,4/MWh (Submercado SE/CO) versus R$ 302,7/MWh no mesmo período do ano anterior.
E o gráfico mostra que o volume de energia vendido foi menor com a empresa alocando mais energia para ser vendida no segundo semestre, esperando preços melhores:
Com isso, o Ebitda do segmento de geração mostrou queda e puxou o resultado agregado para baixo.
No seu segmento de distribuição de energia que respondeu por quase 37% da geração de caixa, a empresa seguiu entregando redução de perda de energia (indicador esse olhado de perto pela ANEEL). Nesse trimestre 0,19 p.p. na EDP (SA:ENBR3) SP e 0,10 p.p. na EDP ES, algo que parece pouco, mas que fazem uma diferença gigante considerando o volume de energia que a empresa opera/distribui.
Big Picture
Apesar de pontualmente fraco, penso que a big picture segue bem.
Olhando aquilo que interessa, ou seja sua geração operacional de caixa medida pelo Ebitda no semestre, os números seguem bons e bem estáveis ante o 1S18, como mostra o gráfico abaixo.
Empresa teve até aqui um lucro de R$ 485 milhões em 2019 e penso que caminha para entregar pelo menos R$ 1 bilhão de lucro fazendo com que suas ações negociem a uma relação Preço/Lucros de aproximadamente 11x.
As revisões tarifárias da EDP-ES e EDP-SP irão contribuir para um incremento de tarifas agora em agosto e outubro respectivamente. Nesse sentido, a publicação do documento preliminar da revisão da EDP-SP essa semana se mostrou levemente melhor que o esperado, ainda que um documento preliminar, é um bom indicativo.
Empresa adquiriu diversos projetos de transmissão de energia que irão agregando ao portfólio no médio prazo.
Penso que Energias do Brasil é uma empresa com track record de operação nos diferentes segmentos de energia, com projetos de crescimento, e múltiplos atrativos nos atuais patamares.
Era isso.
Aquele Abs.