Nesta quinta-feira, após a decisão do FOMC, o comitê do Fed, as bolsas americanas operam em queda, digerindo um tom mais duro quanto ao combate à inflação verificado no discurso do presidente do Fed.
Para entender melhor, a mensagem pode ser interpretada da seguinte forma pelo investidor: os juros continuarão subindo e se manterão em patamar elevado ao longo de 2023, ou seja, sem perspectiva de corte de juros no atual cenário.
Em outras palavras, a expectativa de juros mais altos impacta no valor presente das empresas listadas na bolsa de valores e, consequentemente, uma maior pressão de venda.
Contudo, quero trazer dois motivos para justificar o porque que o investidor - independente se investe em ações americanas ou brasileiras - deve ver como um sinal positivo a postura dura do Fed quanto à inflação americana. Primeiro que as doses dos juros altos já tem afetado a atividade econômica dos EUA, vide o resultado das Vendas no Varejo divulgado hoje que recuou 0,6% em novembro no comparativo mensal.
Ou seja, a desaceleração da atividade econômica por causa dos juros altos visa reduzir a demanda do consumidor e, assim, fortalecer o processo de desinflação. Contudo, com um mercado de trabalho ainda no cenário positivo, as pressões inflacionárias seguem no radar.
Assim, para justificar o primeiro motivo, trago a seguinte reflexão para o investidor que utiliza a análise macroeconômica para complementar sua análise de investimentos: é melhor um remédio amargo (aumento dos juros) agora para desaquecer economia no curto prazo ou uma inflação descontrolada que afeta diretamente o poder de compra e consequentemente a produção, o lucro e o emprego?
A minha resposta, se você quer saber, é o remédio amargo.
O segundo motivo contempla o cenário internacional e consequentemente as empresas, como as listadas na bolsa de valores e a própria economia brasileira. Na expectativa de diminuir o ritmo da escalada dos juros dos EUA um dos impactos é a perda de força do dólar americano. Ou seja, o dólar mais fraco impacta em custos menores para as nossas importações e consequentemente afeta os custos das empresas.
Um dos efeitos desse cenário, para a economia doméstica, controlando outras variáveis como o risco político, é na inflação, ou melhor, no processo de desinflação que deverá seguir o seu curso ao longo do primeiro semestre do próximo ano.
Neste cenário, menores pressões inflacionárias levam a expectativa de corte da Selic, favorecendo os ativos de risco, como as ações.
Por fim, a preocupação do investidor com a economia americana, na condução da política monetária e no controle da inflação, no fundo, deve ser uma preocupação com a economia doméstica e os seus próprios investimentos.