Publicado originalmente em inglês em 25/05/2021
Apesar da calmaria nos treasuries americanos nos últimos dias, os títulos governamentais da zona do euro continuam voláteis.
Depois que o rendimento do título de 10 anos da França ficou positivo, os investidores agora estão atentos ao papel de 10 anos da Alemanha, que serve de referência para toda a região, para ver se seu rendimento também entra em terreno azul.
Ainda não se sabe se isso vai acontecer em algum momento deste ano ou início do ano que vem.
Na segunda-feira, o rendimento do bund de 10 anos ficou estável um pouco acima de -0,140%, após superar a marca de -0,130% no início do pregão. Na semana passada, o rendimento de 10 anos disparou para -0,08%.
O spread de rendimentos entre os títulos alemães e italianos de 10 anos se estreitou para cerca de 116 pontos-base, após superar 120 pb na semana passada, em meio a dúvidas sobre a capacidade do governo Mario Draghi de aprovar as reformas necessárias para receber fundos do programa de recuperação da UE.
A presidente do Banco Central Europeu, Christine Lagarde, declarou na sexta-feira que ainda era cedo demais para o BCE falar sobre a redução do programa emergencial de compras de títulos de 1,85 trilhões de euros. Suas declarações acalmaram os investidores e reduziram os rendimentos no pregão de segunda-feira na Europa.
A mudança de rota de um voo da Ryanair (NASDAQ:RYAAY) pelos controladores de tráfego da Bielorrúsia aumentou a instabilidade do ambiente geopolítico e fez os investidores buscarem segurança em títulos soberanos.
No entanto, o avanço da vacinação na Europa alimentou esperanças de uma forte recuperação econômica e busca de rendimentos.
As autoridades europeias continuam aflitas com o nível de inflação dos programas de compras de títulos governamentais, já que os hedge funds aumentam suas posições para se aproveitar da valorização até a última emissão. As intenções de compra podem superar de 10 a 11 vezes a quantidade de oferta, distorcendo o quadro de demanda real.
Um relatório de um comitê do senado francês publicado na semana passada descobriu que as vendas de títulos através de um sindicato, em vez de um leilão, estão propensas a esses fenômenos.
Os treasuries governamentais priorizam os investidores de longo prazo em suas vendas, reduzindo a alocação para investidores de curto prazo, o que os motiva a inflar suas intenções de compra. A demanda exagerada leva os governos a ajustar os termos, o que pode deflacionar o livro de oferta até pela metade.
O Comitê Econômico e Financeiro da UE, que coordena as políticas entre os estados membros, estabeleceu um grupo de trabalho para investigar esse problema.
O excesso de intenções de compra está na ordem do dia nos títulos europeus. O bloco vem emitindo títulos para seu programa SURE de seguro-desempenho e, na semana passada, registrou forte demanda para os títulos de 8 e 25 anos, enquanto o auxílio se aproxima do fim.
O título de 8 anos registrou intenções de compra de 51,2 bilhões de euros para uma emissão de apenas 8,137 bilhões com rendimento de 0,01%.
Os títulos sociais qualificam-se como investimentos ESG, que têm atraído grande interesse dos investidores. O programa SURE possui apenas 5 bilhões de euros em títulos a emitir para totalizar 94,3 bilhões de euros, abrindo caminho para a UE começar a emitir até 800 bilhões de euros para seu programa de recuperação neste verão.