No cenário atual, a busca por renda passiva tornou-se um dos principais objetivos para investidores que desejam viver de seus ativos ou, ao menos, gerar um fluxo constante de caixa. Tradicionalmente, carteiras voltadas para renda mensal são compostas por ações "dividendeiras", como aquelas ligadas a setores mais estáveis e defensivos, e também por Fundos Imobiliários (FIIs), que distribuem proventos mensais. Contudo, uma nova classe de ativos vem ganhando espaço: os ETFs de dividendos.
Assim como fundos de investimento tradicionais, as cotas dos ETFs representam uma cesta de ativos de diferentes classes, com a diferença que suas cotas são negociadas em bolsa. Dessa forma, com apenas um ativo, é possível ter exposição a centenas e até milhares de empresas em diferentes países, mas o que mudou drasticamente nos últimos tempos foi que a B3 (BVMF:B3SA3) passou a permitir que esses produtos distribuam dividendos de acordo com suas políticas de investimento.
Existem diferentes tipos de ETFs de dividendos. Globalmente, ETFs como o Vanguard Dividend Appreciation ETF (NYSE:VIG) (VIG) e o iShares Select Dividend ETF (NASDAQ:DVY) são populares entre investidores que buscam rendimentos consistentes, mas uma classe que também cresceu muito foi a dos ETFs de dividendos que possuem algum tipo de gestão ativa como o JPMorgan (NYSE:JPM) Equity Premium Income ETF (NYSE:JEPI) e o Amplify CWP Enhanced Dividend Income ETF (NYSE:DIVO).
No Brasil, podemos perceber um movimento semelhante com ETFs mais tradicionais, como o Nu Renda Ibov Smart Dividendos ETF (BVMF:NDIV11) e o It Now IDIV Renda Dividendos ETF (BVMF:DIVD11), que seguem índices focados em empresas pagadoras de dividendos, e também temos opções uma estratégia mais ativa como o Buena Vista US High Income ETF (BVMF:SPYI11) e o Buena Vista Nasdaq-100 High Income ETF (BVMF:QQQI11), que distribuem "dividendos sintéticos" através de estratégias com opções.
Se você já possui uma carteira composta por ações "dividendeiras" e FIIs, os ETFs de dividendos podem atuar como um excelente complemento. Enquanto ações individuais e FIIs estão expostos a riscos específicos de empresas ou setores, os ETFs diluem esses riscos, fornecendo uma exposição mais ampla ao mercado. Outra vantagem é que eles seguem a composição de seus índices de forma automática. Isso significa que a carteira do ETF é ajustada regularmente para refletir os objetivos do fundo, sem que o investidor precise se preocupar em fazer rebalanceamentos ou avaliar individualmente quais ativos manter ou retirar do portfólio. Além de tudo, com o rápido crescimento dos ETFs de gestão ativa ao redor do mundo, temos visto o surgimento de produtos que utilizam estratégias avançadas, que antes estavam disponíveis apenas para grandes instituições e investidores profissionais. Estratégias como covered call, hedge dinâmico, smart beta e gestão de volatilidade (volatility targeting) estão cada vez mais acessíveis, oferecendo uma gama de possibilidade para otimizar a geração de renda e controle de risco.
Mesmo com tudo isso, a questão de substituir ações e FIIs por ETFs de dividendos não é simples. Ambos têm papéis importantes em uma carteira diversificada e, se o investidor souber selecionar bons ativos, eles tem grande potencial de valorização a longo prazo. Porém, para o investidor que busca maior facilidade na gestão da sua carteira e menor exposição a riscos específicos, desenvolver uma fonte de renda passiva através de ETFs também oferece benefícios de forma competitiva.
Olhando para as tendências globais, o crescimento desse tipo de ETF parece estar apenas começando. A demanda por soluções que ofereçam uma renda passiva previsível e a evolução de produtos financeiros sofisticados indicam que veremos mais inovação no futuro. No Brasil, com a taxa de juros elevada e um crescente interesse por produtos que entreguem renda previsível, o segmento de ETFs de dividendos tem tudo para se expandir. Como o segredo dos investimentos está no tempo e na diversificação, é importante explorar logo essa nova modalidade.