As taxas de juros negociadas no mercado futuro terminaram a semana com os vencimentos curtos e intermediários praticamente estáveis e os longos em alta refletindo fatores diversos.
Os principais fatores que influenciaram o desenho da curva foram:
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a cautela com o quadro fiscal doméstico amparada na incerteza quanto ao atingimento dos parâmetros da proposta do novo arcabouço fiscal e possibilidade de gastos em 2024 acima do que era previsto,
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a série de revisões para a economia brasileira, a partir da leitura do IBC-Br de março, que consolidou crescimento de 2,41% para o índice no primeiro tri do ano em relação ao quarto de 2022, o terceiro maior para o período na série histórica do BC, deixando a percepção de atividade mais forte,
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a volta das preocupações em relação à meta de inflação depois do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sugerir a adoção de uma meta contínua, a exemplo dos bancos centrais americano e europeu, o que teoricamente alongaria o prazo para que a meta seja cumprida, o que pode ser interpretado como leniência,
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a percepção de que o Banco Central pode demorar mais para começar a cortar a Selic apoiada pelos dados do varejo bem mais fortes do que o esperado, levando a revisões para cima para o crescimento da economista este ano,
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a fala do presidente do Fed, Jerome Powell, afirmando que a inflação nos EUA está "muito acima" da meta de 2% ao ano, e “agora, a posição da política monetária é restritiva",
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a volta do dólar para o patamar dos R$ 5,
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a alta no rendimento dos Treasuries refletindo o impasse do teto da dívida dos EUA,
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a informação de que a Petrobras (BVMF:PETR4) poderá absorver oscilações de preços internacionais, sugerindo menos inflação à frente,
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a produção industrial americana crescendo 0,5% em abril ante março, acima da mediana (0,0%) sugerindo pouco espaço para que o Fed comece a cortar juros em breve,
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e os dados econômicos piores na China. A produção industrial chinesa cresceu 5,6% em abril na comparação com o mesmo mês de 2022, abaixo da previsão (11%) confirmando desaceleração da segunda maior economia mundial.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
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a deflação do IGP-10 de maio maior que o piso das estimativas,
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o volume de serviços prestados subindo 0,9% em março ante fevereiro superando a mediana de alta de 0,4%,
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e a redução dos preços dos combustíveis, apesar do seu caráter desinflacionário.
No Relatório de Mercado Focus (22), a projeção para o IPCA deste ano passou de 6,03% para 5,80% na esteira da redução dos combustíveis, ainda acima do teto da meta (4,75%). Para 2024, foco da política monetária, a projeção passou de 4,15% para 4,13%, redução pela terceira semana seguida, também acima do centro da meta (3,00%).
A conferir o que estará no radar do mercado
No Brasil
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a votação do projeto do novo arcabouço fiscal, cuja urgência foi aprovada por 367 votos na Câmara e não precisará passar por comissões antes de ir ao plenário, onde pode ser votado na terça (23) ou na quarta-feira (24),
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o IPCA-15 de maio, prévia do índice de referência do Banco Central para suas metas de inflação, na quinta-feira (25),
Nos EUA
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a ata da última reunião monetária do Fed que decidiu por mais um aumento de 0,25 ponto porcentual em suas taxas básicas de juros na quarta feira-feira (24),
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a solução do impasse da dívida para evitar um calote histórico a partir de 1º de junho,
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a segunda estimativa do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro tri, importante termômetro do ritmo da economia do país,
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e o índice de preços de gastos com consumo (PCE) americano.
O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (19) cotado a R$ 4,9958, acumulando ganhos de 1,47% na semana e leve valorização de 0,17% no mês.
Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana no mercado doméstico de câmbio foram:
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a perspectiva de taxa de juros elevada nos EUA por mais tempo reforçada por discurso hawkish do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, de que o Fed está "fortemente comprometido" em trazer a inflação de volta à meta (2% ao ano) e que permanecerá "firme" na busca de seu objetivo,
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um relativo desconforto com a configuração final da proposta do novo arcabouço fiscal, que incluiu duas mudanças na proposta do governo que possibilitam gastos maiores no primeiro ano de vigência da nova regra,
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as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre a adoção de uma meta contínua para a inflação,
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a redução dos temores de calote dos EUA diante de sinais de que está sendo encaminhada uma solução para o teto da dívida no país,
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os dados de emprego, produção industrial e vendas no varejo americano melhores que o esperado, enquanto a inflação não está caindo na velocidade que se imaginava no país,
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e o IBC-BR de março, que caiu 0,15%, na série livre de efeitos sazonais, após alta de 2,53% em fevereiro. Já na comparação entre os meses de março de 2023 e de 2022, houve crescimento de 5,46% na série sem ajustes sazonais. Após os resultados várias casas elevaram projeções para o PIB do País neste ano.
Agenda de eventos e indicadores econômicos de 22 a 26 de maio
Segunda-feira (22)
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Brasil - BC: Relatório Focus, o Presidente do BC, Roberto Campos Neto, profere palestra no evento “Dois anos de autonomia do BC: lições para o futuro”, promovido pela Folha de S.Paulo, em São Paulo, FGV: Monitor do PIB de março, Secex: Balança comercial,
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Zona do euro - Comissão Europeia: índice de confiança do consumidor em maio (preliminar),
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Japão - S&P Global /Jibun Bank: PMI composto de maio (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços,
Terça-feira (23):
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Brasil - FGV: IPC-S de maio (3ª quadr), Tesouro: Leilão de LFT para 1º/3/2026 e 1º/3/2029 e de NTN-B para 15/8/2028, 15/8/2040 e 15/8/2060,
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EUA - Dept°. do Comércio: Permissão para novas obras em abril (final), S&P Global: PMI composto de maio (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços, Deptº do Comércio: Vendas de moradias novas em abril, API: estoques de petróleo na semana até 19 de maio,
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Zona do euro - S&P Global /HCOB: PMI composto de maio (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços,
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Reino Unido - S&P Global /CIPs: PMI composto de maio (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços,
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Alemanha - S&P Global /HCOB: PMI composto de maio (preliminar), PMI industrial, PMI de serviços,
Quarta-feira (24):
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Brasil - Tesouro: Relatório mensal da dívida pública federal em abril, BC: Fluxo Cambial na semana de 15 a 19 de maio, FGV: IPC-S Capitais de maio (3ª quadr.),
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EUA - DoE: estoques de petróleo na semana até 19 de maio, o Fed divulga ata da última decisão monetária,
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Reino Unido - ONS: CPI de abril, Núcleo do CPI,
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Alemanha - Ifo: índice de sentimento das empresas em maio,
Quinta-feira (25):
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Brasil - Fipe: IPC de maio (3ª quadr.), FGV: Sondagem do Consumidor em maio, Brasil - Tesouro: Leilão de LTN para 1º/4/2024, 1º/4/2025 e 1º/7/2026 e de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033, IBGE: IPCA-15 de maio,
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EUA - Deptº do Comércio: PIB do 1º tri (preliminar), Índice de preços de gastos com consumo (PCE), Núcleo PCE, Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 20 de maio, o Número de pedidos de auxílio-desemprego continuados, Fed Chicago: índice de atividade nacional em abril, NAR: Vendas pendentes de imóveis em abril,
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Alemanha - GfK: índice de confiança do consumidor em junho, Destatis: PIB do 1º tri (final),
Sexta-feira (26):
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Brasil - FGV: Sondagem da Construção em maio, FGV: INCC-M de maio, BC/Setor Externo: Conta Corrente e IDP de abril,
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EUA - Deptº do Comércio: Gastos com consumo em abril, Renda pessoal, Índice de preços de gastos com consumo (PCE), Núcleo do PCE, Deptº do Comércio: Encomendas de bens duráveis em abril, Univ. Michigan: Índice de Sentimento do Consumidor em maio (final), Expectativas de inflação em 1 e em 5 anos, Baker Hughes: poços de petróleo em operação,
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Reino Unido - ONS: vendas no varejo em abril,
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China - NBS: lucro industrial em abril,
Fonte: Broadcast