A semana terminou de forma positiva para o mercado de juros domésticos, com as taxas devolvendo prêmios ao longo de toda a curva, apoiada na manutenção da meta de déficit zero no Brasil e apostas no fim do ciclo de aperto monetário nos EUA. A inclinação da curva medida pelo spread entre os DIs jan/25 e jan/29 fechou em 24 pontos-base, ante 20 pontos na sexta-feira anterior (10).
Os principais vetores que influenciaram o fechamento da curva de juros foram:
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a expectativa de fim do aperto monetário nos EUA, endossada pelos dados fracos do mercado de trabalho e de inflação, tanto ao consumidor quanto no atacado, abaixo do previsto,
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o número de pedidos de auxílio-desemprego nos EUA subindo 13 mil na semana encerrada em 11 de novembro, a 231 mil, acima da projeção de 220 mil solicitações, tirando a pressão para mais aumentos de juros pelo Fed,
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o índice de preços ao consumidor (CPI) dos EUA estável em outubro na comparação com setembro, ante consenso de 0,1%, e o núcleo com alta de 0,2%, ante mediana de 0,3%, reforçando a percepção de que o Fed não deve elevar mais os juros e pode até antecipar o corte em 2024. Em 12 meses, o CPI subiu 3,2%, desacelerando ante o aumento de 3,7% de setembro, enquanto o núcleo arrefeceu a 4% no mês passado, de 4,1% em setembro. O yield da T-Note de dez anos fechou em 4,44%, ante 4,64% na sexta-feira anterior (10),
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a inesperada deflação dos preços do atacado nos EUA em outubro. O índice de preços ao produtor (PPI) teve queda de 0,5% em outubro ante setembro. Analistas previam avanço de 0,1% no indicador. O núcleo do PPI, que exclui os itens voláteis de alimentos, energia e comércio exterior, aumentou 0,1% na comparação mensal de outubro, inferior ao consenso, que indicava alta de 0,2%,
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a aprovação do orçamento temporário no Congresso dos EUA, impedindo a paralisação da máquina pública ou shutdown,
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no cenário fiscal doméstico, a decisão do governo de não propor alteração na meta de déficit primário zero em 2024 no texto da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO),
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a queda de 0,3% em setembro ante agosto, perto do piso das estimativas (-0,4%) no volume de serviços prestados no País, que deve gerar menor pressão inflacionária, contribuindo para a curva a termo novamente precificar a Selic em um dígito no fim do ciclo de cortes,
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a queda inesperada de 0,06% do IBC-Br em setembro ante agosto. A mediana das projeções indicava alta de 0,2%. Apesar da queda, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse que o dado não muda as expectativas da autoridade monetária para o crescimento da economia em 2023 e 2024, sinalizando que o BC não pretende acelerar o ritmo de cortes da Selic, atualmente em 50 pontos-base,
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as expectativas de que a guerra do Oriente Médio não seja tão duradoura quanto o esperado no início do conflito,
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e a queda nos preços do petróleo, pressionada pelos receios de desaceleração da demanda global. O barril do Brent, que serve de parâmetro para os preços internos, fechou em US$ 80,61, ante US$ 81,43 na sexta-feira anterior (10), reforçando a possibilidade de novo ajuste em baixa nos preços dos combustíveis no curto prazo, o que representaria alívio adicional ao cenário inflacionário.
Fizeram o contraponto ao fechamento da curva de juros:
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a revisão da Moody's da perspectiva do rating AAA dos EUA de estável para negativa. O sinal de alerta da agência de classificação de risco, a única das três grandes que ainda atribui nota AAA ao país, reforça a preocupação com o cenário fiscal dos EUA.
Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:
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o Índice Geral de Preços - 10 (IGP-10) subindo 0,52% em novembro, repetindo a alta de 0,52% de outubro e em linha com a mediana das estimativas,
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e as vendas no varejo dos EUA caíram 0,1% em outubro ante setembro, abaixo da expectativa do mercado, que previa queda de 0,3% no período. Foi a primeira queda desde março. Na comparação anual de outubro, as vendas no varejo cresceram 2,5%.
No Relatório de Mercado Focus (20), a projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,59% para 4,55%. Um mês antes, a mediana era de 4,65%. Para 2024, foco principal da política monetária, a projeção oscilou de 3,92% para 3,91%. Há um mês, a mediana era de 3,87%, dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%, mas acima do alvo central de 3,0%.
A conferir:
No Brasil
a possível votação do relatório final que trata da Lei das Diretrizes Orçamentárias (LDO) na Comissão Mista de Orçamento,
Nos EUA
a ata da última reunião do Fed, que manteve a taxa de juros no país no intervalo de 5,25% a 5,50%, na terça-feira (21),
No Mundo
os desdobramentos da guerra no Oriente Médio.
O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (17) cotado a R$ 4,9059, terminando a semana com leve baixa (-0,17%), acumulando desvalorização de 2,69% em novembro.
Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:
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a percepção de que, em função dos números mais recentes de inflação, tanto o índice ao consumidor como no atacado desaceleraram em outubro, vindo abaixo do esperado, o ciclo de aperto monetário nos EUA já se encerrou. Parte do mercado já começa a especular com a possibilidade de o Fed iniciar um processo de corte da taxa básica ainda no primeiro semestre de 2024,
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a antecipação de compra por importadores e de remessas ao exterior por bancos e empresas, dado que na segunda-feira (20) será feriado estadual em São Paulo pelo do Dia da Consciência Negra e aproveitando que a taxa tinha vindo abaixo de R$ 4,90. Embora o mercado de câmbio funcione normalmente, a expectativa é que a liquidez seja muito reduzida,
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o resultado fraco do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em setembro, recuando 0,6% em relação a agosto, contrariando o consenso do mercado, de alta de 0,20%,
e o fraco desempenho do volume de serviços, que recuou 0,3% na margem no mês, enquanto a mediana da pesquisa sugeria crescimento de 0,4%.
Agenda de eventos e indicadores econômicos
Segunda-feira (20):
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Brasil - BC: Boletim Focus, Secex: Balança comercial semanal,
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Alemanha - Destatis: PPI de outubro,
Terça-feira (21):
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Brasil - CNI: Sondagem Industrial de outubro,
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EUA - Fed Chicago: Índice de Atividade Nacional de outubro, NAR: vendas de moradias usadas em outubro, Fed divulga ata da última reunião de política monetária,
Quarta-feira (22):
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Brasil - IBGE: PNAD Contínua do 3º tri,
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EUA - Deptº do Comércio: Encomendas de bens duráveis em outubro, Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 18 de novembro, Univ. Michigan: Índice de Sentimento do Consumidor em novembro (final), Expectativas de inflação em 1 e 5 anos de novembro (final), Baker Hughes: poços de petróleo em operação na semana até 24 de novembro, DoE: estoques de petróleo, de gasolina, de destilados e taxa de utilização das refinarias na semana até 17 de novembro,
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Zona do euro - Comissão Europeia: índice de confiança do consumidor em novembro (preliminar),
Quinta-feira (23):
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Brasil - CNI: Sondagem da Indústria da Construção em outubro, FGV: IPC-S semanal,
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EUA - Feriado de Ação de Graças deixa mercados financeiros fechados,
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Zona do euro - S&P Global/HCOB: PMI composto, industrial e de serviços de novembro (preliminar),
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Alemanha - S&P Global/HCOB: PMI composto, industrial e de serviços de novembro (preliminar), BCE divulga ata referente à mais recente reunião de política monetária,
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Reino Unido - S&P Global /CIPs: PMI composto, industrial e de serviços de novembro (preliminar),
Sexta-feira (24):
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Brasil - FGV: Sondagem do consumidor de novembro,
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EUA - S&P Global: PMI composto, industrial e de serviços de novembro (preliminar), Bolsas de NY e Mercado de Treasuries fecham mais cedo por conta do feriado de Ação de Graças,
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Alemanha - Destatis: PIB (final) do 3º tri, Ifo: índice de sentimento das empresas em novembro,
Fonte: Broadcast