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Renda Fixa: Semana de fechamento significativo das curvas de juros

Publicado 04.12.2023, 10:00
Atualizado 09.07.2023, 07:32
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Semana de fechamento significativo das curvas de juros doméstica e americana, refletindo as avaliações do mercado de que o Fed já terminou o ciclo de aperto monetário e iniciará o ciclo de corte no primeiro trimestre de 2024. O spread entre os DIs jan/25 e jan/29 fechou em 19 pontos-base, ante 32 pontos na sexta-feira anterior (24).

Os principais vetores que influenciaram o fechamento da curva de juros foram:

  • o discurso considerado "dovish" do presidente do Fed, Jerome Powell, reconhecendo os progressos no combate à inflação e repetindo a tese de que o pouso suave da atividade está em curso, o que corroborou a visão do mercado de que a economia dos EUA está no pico de juros e que, em breve, haverá redução das taxas. A plataforma de monitoramento do CME Group mostrou que as chances de que o BC americano inicie um processo de redução dos juros em março superaram 61% após a fala de Powell. As apostas giram em torno de ciclo de cortes total ente 100 e 125 pontos-base nos EUA em 2024,

  • as declarações também consideradas "dovish" do diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, sugerindo discussões incipientes sobre uma aceleração no corte da Selic ou taxa terminal mais baixa, o que foi o suficiente para aparecer na curva apostas marginais de redução de 75 pontos já em dezembro, quando o BC deve cortar 50 pontos, segundo a comunicação recente,

  • a estabilidade do índice PMI industrial no terreno da contração, confirmando as expectativas de uma atividade fraca nos EUA, o que reforça a percepção de espaço para uma redução dos juros pelo Fed. O resultado, segundo monitoramento do CME Group, aumentou as chances de o alívio começar em março,

  • a questão dos precatórios com a autorização dada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) para que o Executivo quite o passivo de R$ 95 bilhões acumulados em 2023, para abrir espaço no orçamento de 2024,

  • o resultado mais fraco da produção industrial, que subiu 0,1% em outubro ante setembro, na série com ajuste sazonal, abaixo da mediana das previsões, de alta de 0,4%,

  • o índice de gerente de compras (PMI) industrial do Brasil veio melhor, subiu para 49,4 pontos em novembro, de 48,6 pontos em outubro, segundo dados divulgados pela S&P Global, porém, a leitura inferior a 50 pontos ainda sugere contração da atividade,

  • o índice de preços dos gastos com consumo (PCE) dos EUA levemente abaixo do esperado em outubro, tanto na leitura cheia, como no núcleo, que desconsidera preços de alimentos e energia, e que aumentou 2,3%, desacelerando da alta de 3,7% do trimestre anterior e abaixo da primeira leitura, de 2,4%,

  • o aumento nas apostas de afrouxamento monetário do Fed em 2024 sob efeito da repercussão de declarações dadas pelo diretor do Fed, Christopher Waller, de que há sinais de moderação na economia americana e que está cada vez mais confiante de que a política monetária está em posição para retornar inflação à meta de 2%,

  • o Livro Bege, sumário de opiniões que embasa as decisões de política monetária americana, destacando a desaceleração da atividade econômica, moderação de aumento de preços e diminuição da procura por mão de obra,

  • a aprovação das propostas fiscais no Congresso, especialmente após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, conseguir barrar a ideia de alteração da meta de déficit zero para 2024,

  • o Senado aprovou, em votação simbólica, o projeto de lei das offshores e fundos exclusivos, 

  • o superávit primário do Governo Central de R$ 18,277 bilhões em outubro, acima da mediana das estimativas (R$ 15,5 bilhões), 

  • as vendas de moradias novas no EUA com inesperada contração em outubro,

  • a arrecadação de impostos e contribuições federais em outubro de R$ 215,6 bilhões, a maior para o mês na série histórica iniciada em 1995 e levemente acima da mediana das estimativas de R$ 212,6 bilhões, 

  • e o petróleo fechando a semana em queda, com o tipo Brent, que serve de referência para os preços domésticos, abaixo dos US$ 80 por barril, reforçando a percepção de que o governo poderá anunciar um ajuste em baixa nos preços da gasolina ainda este ano, o que pode colaborar no processo de desinflação.

Fizeram o contraponto ao fechamento da curva de juros:

  • o IPCA-15 de novembro acelerando de 0,21% em outubro para 0,33% em novembro, acima da mediana de 0,30%. Em 12 meses, a alta foi de 4,84%, ante taxa de 5,05% até outubro e acima da mediana estimada de 4,81%. A média dos cinco núcleos de inflação acompanhados pelo BC acelerou a 0,27%, ante alta de 0,23% em outubro, de acordo com os cálculos do banco BV. O avanço da média dos núcleos foi inferior à mediana das estimativas, que apontava alta de 0,31% para a métrica, com intervalo entre 0,17% e 0,42%,

  • a alta maior do que a esperada da confiança do consumidor nos EUA,

  • e o PIB dos EUA superando as expectativas, mostrando alta de 5,2% entre julho e setembro, acima da mediana das estimativas de 4,9%. 

Fatores que foram considerados de menor potencial para influenciar o movimento da curva de juros:

  • as declarações do Presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, defendendo que o ritmo de cortes de 0,50 ponto porcentual segue apropriado e que com as variáveis como estão hoje, ele não faz um guidance de qual será a Selic terminal. “Com as variáveis que temos na mão, ainda precisamos de juro em campo restritivo”, 

  • a taxa de desocupação no Brasil ficou em 7,6% no trimestre encerrado em outubro, de acordo com a Pnad Contínua, em linha com a mediana das projeções,

  • e o Índice Geral de Preços Mercado (IGP-M) acelerou a 0,59% em novembro, ante 0,50% em outubro, praticamente em linha com a mediana de estimativas, que previa alta de 0,58%.

No Relatório de Mercado Focus (04), a projeção para a inflação oficial em 2023 passou de 4,53% para 4,54%. Um mês antes, a mediana era de 4,63%. Para 2024, foco da política monetária, a projeção também oscilou de 3,91% para 3,92%. Há um mês, a mediana era de 3,91%, dentro do intervalo de tolerância superior, que vai até 4,50%, mas acima do alvo central de 3,0%.


A conferir:

No Brasil

  • a divulgação do PIB do terceiro tri na terça-feira (5). As estimativas estão entre queda de 0,6% e alta de 0,9%, com mediana negativa em 0,2%,

  • as pautas que devem se desenrolar em Brasília. Há expectativa em relação à votação do projeto de lei de taxação das apostas esportivas no Senado e à possível instalação da sessão conjunta entre Câmara e Senado para analisar vetos de Lula ao arcabouço e ao voto de qualidade no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), além do veto à prorrogação da desoneração da folha de pagamentos a 17 setores da economia até 2027,

Nos EUA

  • o relatório de emprego de novembro na sexta-feira (8). O documento será importante para ajustes na percepção sobre a política monetária do Fed, num momento em que crescem as apostas na antecipação do início do ciclo de queda dos juros.

O dólar no mercado à vista encerrou a sessão da sexta-feira (1º) cotado a R$ 4,8807. Na semana, a moeda recuou 0,36%. No acumulado de 2023, o dólar apresenta desvalorização de 7,56%.

Os principais fatores que influenciaram o preço da moeda americana foram:

  • as declarações do presidente do Fed, Jerome Powell, sugerindo que o comitê de política monetária da instituição não precisa "agir com pressa", dados os efeitos defasados da alta de juros, e que a inflação "está indo na direção correta". Segundo Powell, é possível pôr a inflação rumo à meta de 2% sem impor perdas significativas no nível de emprego e com desaquecimento moderado da atividade, o tão sonhado "pouso suave" do mercado, 

  • após a retirada da perspectiva de alta adicional de juros pelo Fed neste ano, ganhou força a especulação em torno do início de processo de cortes, com apostas cada vez mais voltadas para março de 2024,

  • mais um indicador mostrando moderação da atividade nos EUA. O índice de gerente de compras (PMI) do ISM/Chicago ficou estável em 26,7 pontos em novembro, quando se esperava alta para 47,

  • o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reiterou que o ritmo de redução da Selic em 0,50 ponto porcentual por reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) segue apropriado. Ele disse que não faz projeções para a taxa terminal, mas que, mesmo no fim do ciclo de cortes, a política monetária seguirá em terreno restritivo,

  • o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, relatou que, em conversas recentes, tem percebido no mercado um sentimento de que haveria espaço para acelerar os cortes de juros, no que foi interpretado por parte do mercado como um sinal de que o BC já consideraria um ritmo mais forte de redução da Selic,

  • a queda do PMI industrial nos EUA à zona de contração em novembro,

  • e as remessas pelas empresas multinacionais de lucros e dividendos às matrizes no exterior típicas de fim de ano.

Agenda de eventos e indicadores econômicos

Segunda-feira (4): 

  • Brasil - FGV: IPC-S Capitais de novembro, BC: Relatório Focus, BC/Setor Externo: CC e IDP de outubro, Fenabrave: Emplacamentos de veículos em novembro,  

  • EUA - Dept°. do Comércio: encomendas à indústria de outubro,  

  • China - S&P Global/Caixin: PMI composto de novembro (final) e PMI de serviços de novembro (final),

Terça-feira (5): 

  • Brasil - FGV: Indicador Antecedente de Emprego em novembro, BC: Crédito livre de outubro, IBGE: PIB do 3º tri, S&P Global: PMI de serviços de novembro, PMI composto, Tesouro faz leilão de NTN-B para 15/8/2028, 15/8/2040 e 15/8/2060 e LFT para 1º/9/2026 e 1º/9/2029 

  • EUA - S&P Global: PMI de serviços e PMI composto de novembro (final), ISM: PMI de serviços de novembro, Deptº do Trabalho: Relatório de abertura de vagas (Jolts) em outubro,  

  • Zona do euro - S&P Global/HCOB: PMI de serviços e PMI composto de novembro (final), Eurostat: PPI de outubro,  

  • Alemanha - S&P Global/HCOB: PMI de serviços e PMI composto de novembro (final), 

  • Reino Unido S&P Global/CIPs: PMI de serviços e PMI composto de novembro (final), 

  • Mundo - S&P Global/JPMorgan: PMI global de serviços de novembro,

Quarta-feira (6): 

  • Brasil - FGV: IGP-DI de novembro, BC: Setor público consolidado de outubro, Anfavea: Produção e venda de veículos em novembro, BC: Fluxo Cambial semanal, 

  • EUA - ADP: relatório sobre criação de empregos no setor privado em novembro, Deptº do Comércio: balança comercial de outubro, DoE: estoques de petróleo na semana até 01 de dezembro, 

  • Zona do euro - Eurostat: vendas no varejo em outubro,  

  • Alemanha - Destatis: encomendas à indústria em outubro, 

Quinta-feira (7): 

  • Brasil - Tesouro faz leilão de LTN para 1º/10/2024, 1º/10/2025 e 1º/7/2027 e de NTN-F para 1º/1/2029 e 1º/1/2033,

  • EUA -  Deptº do Trabalho: pedidos de auxílio-desemprego na semana até 2 de dezembro, número de pedidos de auxílio-desemprego continuados na semana até 25 de novembro, Fed: Crédito ao consumidor em outubro,  

  • Zona do euro - Eurostat: PIB do 3º tri (final),  

  • Alemanha - Destatis: produção industrial de outubro,  

  • China - GACC: balança comercial, Exportações e Importações de novembro, Primeiro dia da 24ª cúpula UE-China, 

Sexta-feira (8): 

  • Brasil - FGV: IPC-S de dezembro (1ª quadri), IBGE: Produção industrial regional de outubro,  

  • EUA - Dept°. do Trabalho: relatório mensal de empregos (payroll) de novembro, Taxa de desemprego, salário médio por hora, 

  • 12h00 EUA Univ. Michigan: Índice de Sentimento do Consumidor em dezembro (prelim.), Expectativas de inflação em 1 e 5 anos de dezembro (Prelim.), Baker Hughes: poços de petróleo em operação, 

  • Alemanha - Destatis: CPI de novembro (final),  

  • China - NBS: CPI e PPI de novembro,  

Fonte: Broadcast 

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