Do começo de março para cá, vimos as taxas de juros entrarem em uma boa trajetória de queda. Títulos mais longos, como o de 2029, tiveram suas taxas caindo 1%, levando o título a se valorizar com a marcação a mercado em cerca de 10%.
Os títulos IPCA+ também tiveram quedas importantes na taxa. Antes negociados a IPCA+ 6,5%, agora estão ligeiramente abaixo de 6%, com valorizações em torno de 7% nos 2 meses.
Enquanto isso, a bolsa brasileira segue caindo, com resultado de -3% no mesmo período. O pessimismo em relação à atividade e o ativismo econômico do novo governo estão entre as principais causas.
A boa performance dos juros está ligada ao novo arcabouço fiscal. Antes do anúncio, o mercado precificava que as taxas de juros ficariam estáveis em 13,75% ao longo dos próximos 10 anos.
Ou seja, estavam acreditando em um cenário “à la Dilma”, com déficits crescentes e nenhuma regra fiscal crível.
Agora, esse cenário se altera porque o novo arcabouço de fato promove uma redução do déficit.
Você já deve ter ouvido uma série de economistas dizerem que a redução do déficit não será suficiente para reduzir a dívida pública e, por isso, seria um pacote ruim.
Para reduzir a dívida, nosso superávit teria que estar em torno de 2,5%, e nas simulações mais otimistas, alcançaríamos esse valor apenas daqui a alguns anos.
Podemos ver que em nenhuma das hipóteses chegaremos à meta do governo.
No entanto, o que é importante notarmos aqui é o resultado do arcabouço frente ao que já estava precificado pelo mercado. Como eu disse para vocês, o mercado precificava um cenário “à la Dilma”, com déficits crescentes.
Então, um arcabouço que garanta a redução do déficit e mostre um caminho para a redução da dívida no futuro, mesmo que em velocidade mais lenta, já é uma boa notícia para o mercado.
Não por outro motivo os juros caíram tanto nos últimos dias.
Em recentes artigos, eu vinha falando para você de como eu gostava da oportunidade de aplicar em CRIs e CRAs isentos de IR.
Para ganhar um bom dinheiro no mercado financeiro, você deve aceitar tomar riscos quando ninguém mais quer tomar. Você tem que ser capaz de antecipar um pouco os movimentos.
Mas se você perdeu essa, não se preocupe, pois eu vou te dizer uma oportunidade que acredito que ninguém esteja olhando — e é uma das minhas preferidas no momento.
O meu trade preferido
O ciclo de alta dos juros fez com que várias empresas da bolsa sofressem, mas principalmente as empresas de crescimento. Aquelas que geralmente trabalham um pouco mais alavancadas e investem muito no seu resultado futuro.
Essas empresas chegaram a cair até 80% durante o ciclo de alta. Entretanto, se é verdade que as taxas de juros chegaram nas máximas e poderemos vislumbrar um ciclo de queda adiante, essas empresas de crescimento que ninguém quer saber no momento atual poderão ser as mais beneficiadas.
Quando eu digo empresas de crescimento, não quero dizer aqui empresas que “se dizem” de crescimento, mas não têm retorno e foram lançadas nos IPOs a preços caríssimos. Não compre esse tipo de empresa!
Estou falando de empresas boas, que de fato geram crescimento e que estão a preço de banana.