Pinturas, músicas, livros, filmes que são considerados clássicos. Todos possuem em comum uma mensagem que permanece por várias gerações. No cinema, em um dos célebres diálogos existe uma fala do personagem Michael Corleone da triologia “O Poderoso Chefão” que diz: “Não odeie seus inimigos. O ódio atrapalha o raciocínio”. Esta lição nos lembra que, nas decisões importantes, a razão deve sempre prevalecer sobre a emoção. E quando o assunto é investimento, essa máxima se torna ainda mais crucial.
Especificamente quando tratamos de investimentos, a euforia ou o ódio podem prejudicar nossa capacidade de tomar decisões racionais. Quando investidores permitem que emoções dominem suas mentes, o resultado é quase sempre prejudicial. Decisões impulsivas como vender ações em pânico durante uma queda do mercado desvia a atenção de oportunidades efetivas.
Ao pensarmos em investimentos, é comum uma associação direta com fundos, ações ou títulos públicos, mas o mercado oferece uma ampla gama de produtos que vão além disso. Muitas vezes nos deparamos com produtos estruturados e decisões que exigem um olhar atento e uma mente livre de emoções negativas. Os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI) e do Agronegócio (CRA) são exemplos destes produtos que têm conquistado cada vez mais espaço, especialmente entre aqueles que buscam diversificação e retorno potencialmente superior, porém que demandam também uma compreensão da natureza das operações, dos projetos e das empresas envolvidas.
Investir nesses produtos exige um exame detalhado dos fundamentos que os sustentam. A possibilidade de que o emissor dos recebíveis não consiga honrar seus compromissos financeiros pode ocorrer por diversos motivos, como a inadimplência de inquilinos ou compradores de imóveis no caso dos CRIs, ou dificuldades climáticas e econômicas que afetem a produção agrícola no caso dos CRAs. Assim, a experiência do time que está estruturando a operação, o crédito dos devedores e a estrutura de garantias são aspectos que não podem ser ignorados.
Nesse contexto, é vital que o investidor mantenha a mente clara e livre de preconceitos emocionais. A frase "Não odeie seus inimigos" pode ser interpretada como um convite para não deixar que uma emoção distorça a percepção, que experiências passadas ou opiniões preconcebidas interfiram no julgamento e que isto se manifeste na forma de aversão ou de atração irracional por determinados setores ou emissores.
Por exemplo, um investidor que tenha tido uma experiência negativa com imóveis pode desenvolver uma aversão irracional ao setor imobiliário, perdendo oportunidades de investimento em um CRI sólido e bem estruturado. Da mesma forma, uma admiração por um setor em crescimento, como o agronegócio, pode levar a uma exposição desproporcional ao risco, caso o CRA adquirido não tenha as garantias adequadas.
A frase que introduz este texto serve como um lembrete de que o ódio, ou qualquer outra emoção descontrolada, pode atrapalhar o raciocínio. No mundo dos investimentos, onde as decisões devem ser tomadas com base em dados, análises e uma compreensão clara dos riscos e benefícios, manter a razão acima da emoção é a melhor estratégia para alcançar bons resultados.
Portanto, antes de investir em CRI ou CRA ou em qualquer ativo que esteja relacionado à economia real, vale a pena dedicar tempo para estudar os detalhes, conhecer melhor os projetos, verificar a expertise do estruturador, e acima de tudo, manter a mente aberta e focada na racionalidade. Dessa forma, será possível tomar decisões de investimento que realmente agreguem valor ao portfólio, evitando armadilhas que possam comprometer os resultados no longo prazo.