É possível criar uma operação de renda fixa utilizando opções. O nome dessa estratégia, bem conhecida, estudada e utilizada, é Box Spread. Nessa estratégia, opções de compra (calls) e opções de venda (puts) são combinadas para produzir um resultado final fixo e constante. Essa operação estruturada resultante acaba consistindo em um instrumento de renda fixa sintético.
Uma das lógicas para se montar essa estratégia é comparar sua rentabilidade com a rentabilidade de instrumentos convencionais de renda fixa. Eventualmente, o rendimento de um Box Spread pode ser superior ao que o investidor vai conseguir em mercado com títulos de renda fixa, mesmo considerando títulos com risco de crédito mais alto que podem ser encontrados nas prateleiras de corretoras indepententes ou semi-independentes.
Para montar a estratégia Box Spread, parte-se de outras duas estratégias, direcionais. O spread de alta, montado com calls, consiste na compra de uma call com preço de exercício K1 e venda de uma call com preço de exercício K2 > K1. O spread de baixa, montado com puts, consiste na venda de uma put com preço de exercício K1 e compra de uma put com preço de exercício K2. O Box Spread nada mais é do que a união de uma trava de alta (bull spread, spread de alta) e uma trava de baixa (bear spread, spread de baixa).
Alguns detalhes são importantes: os preços de exercício, K1 e K2, das calls e puts precisam ser os mesmos (mesmos K1 e mesmos K2). Além disso, as opções precisam ser europeias (não chega a ser um problema no Brasil), precisam ter mesmo vencimento e ter mesmo ativo subjacente. Veja no gráfico que acompanha este texto o comportamento final de cada estratégia no vencimento das opções. Ao final, o Box Spread vai pagar sempre K2 – K1, não importando o nível de preço do ativo subjacente. Para avaliar se a estratégia é vantajosa, compara-se K2 – K1 com o custo total para se montar a estratégia, incluindo prêmios das opções e custos de transação como corretagem, emolumentos e bid-ask spread.