Na última semana, tivemos um aumento de 1,0 pp, o que elevou a Selic a +12,75 por cento ao ano. O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, chegou a indicar em março que esse aumento seria o último avanço previsto para o ano.
Porém, como o cenário de inflação continua pressionado e incerto, o Copom optou por deixar a porta aberta para um possível reajuste adicional em junho.
Com base nisso, recebemos perguntas de investidores curiosos em saber se não seria o momento para investir no Tesouro Prefixado ou Títulos longos de inflação (IPCA+).
A resposta curta é não, e vamos explicar por quê.
A melhor hora para apostar nos títulos prefixados ou IPCA+ é quando vamos entrar em uma tendência de queda nas taxas de juros.
No cenário atual, a inflação ainda se mostra persistente. Enquanto ela não der sinais de arrefecimento, corremos o risco de ter que seguir subindo a Selic.
Cenário base
Para entrarmos em uma tendência de queda nas taxas, é necessária uma política monetária restritiva juntamente com uma política fiscal restritiva.
Ou seja, não adianta apenas subir os juros. Para entrarmos em uma tendência de queda nos juros, a inflação precisa ser controlada pelo Banco Central e, juntamente, o governo precisa adotar uma política de reduzir os gastos.
Dito isso, vamos supor que o Banco Central suba a Selic para conter a inflação, porém o próximo presidente eleito seja “gastão”. O que vai acontecer?
Simplesmente, a inflação não será controlada, a dívida pública vai aumentar e o Banco Central estará apenas “enxugando gelo” com as altas da Selic.
Ou seja, ainda é muito cedo para vislumbrar uma tendência de queda nas taxas.
Percebe como não adianta investir nos títulos prefixados agora olhando apenas para a vontade do BC de parar de subir os juros?
Dependemos também de uma política fiscal restritiva e, por ora, não sabemos como será a política do próximo presidente do país.
O melhor dos dois mundos
Em 31 de agosto de 2016, após Dilma Rousseff ser afastada do cargo de Presidente da República, tanto a equipe de Ilan Goldfajn, ex-presidente do BC, controlou a inflação quanto o governo fez várias reformas, como o teto de gastos e reforma trabalhista, para conter as despesas do Estado.
Nessa época, podemos dizer que tivemos o melhor dos dois mundos: controle da inflação + restrição fiscal. Não por outro motivo, vimos a maior tendência de queda nas taxas da nossa história.
Adicionalmente, outra variável importante é o cenário internacional.
Não adianta acharmos que somos uma ilha. Se as taxas de juros do mundo inteiro subirem de forma agressiva, as nossas taxas não vão cair.
Então é preciso ter calma. No nosso entendimento, não está na hora de buscar ganhos com a marcação a mercado.