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Relações entre receitas e custos (milho e boi) de frigoríficos exportadores

Publicado 04.05.2023, 10:05
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As projeções recentes do USDA são de aumento de 5,4% nas exportações de carne suína do Brasil, passando de 1,32 milhão de toneladas equivalente carcaça (tec.) em 2022 para 1,39 milhão em 2023. A participação no comércio global deve passar de 12,0% no último ano para 13,1%. 

Para a carne de frango a expectativa é de aumento de 6,8% nos embarques brasileiros, que passariam de 4,45 milhões de toneladas no último ano para 4,75 milhões em 2023. Da carne de frango comercializada mundialmente, o órgão projeta que 34,6% sairá do Brasil, frente a 32,9% em 2022. 

As exportações de carne bovina também devem aumentar no fechamento do ano, segundo o USDA. O órgão espera um aumento de 3,9% na comparação com 2022, atingindo 3,0 milhões de tec., com participação de 25,0% no comércio global, ante a 24,1% em 2022.

Considerando as carnes in natura desses três grupos, o Brasil exportou 2,49 milhões de tec. nos primeiros quatro meses de 2023, aumento de 6,2% na comparação com o mesmo intervalo de 2022. Apenas a carne bovina teve recuo, de 16,4%, enquanto os acréscimos para a carne suína e de frango foram de 14,7% e 14,4%, respectivamente (Secex). Veja a figura 1. 

Fonte: Secex / HN AGRO

Figura 1. Variações das exportações de carnes in natura até abril, frente ao mesmo intervalo de 2022.

Custos e receitas

Na suinocultura, a relação de troca com o milho em abril ficou em 7,8 kg de milho por quilo de carcaça suína no atacado, com preços de referência do Cepea, para São Paulo. Aqui utilizamos a carcaça para demonstrar a relação para as integradoras. Em doze meses essa relação com o principal componente de custo da ração, que, por sua vez, é o principal componente de custo da suinocultura (e avicultura), melhorou 30,3% para a cadeia do bacon.

Analisando a avicultura, com um quilo de frango congelado foi possível comprar 5,4 quilos de milho em abril, troca 1,3% melhor que no mesmo mês de 2022. Na comparação com março, houve aumento de 7,2%, em função da queda de 11,8% para preço do milho, superando a desvalorização de 5,4% do frango congelado. 

O foco desta análise é a relação para a indústria exportadora, da carne embarcada, frente ao milho (para aves e suínos), e frente ao boi gordo. Obviamente há inúmeros componentes de custos, mas milho e arroba têm um peso importante e dão uma ideia da situação desses setores, tanto no sentido da avidez por compra (boi) como para aumentar produção e alojamento (suínos e aves). Veja a figura 2. 

Fonte: Secex / Cepea / HN AGRO

Figura 2. Evolução das relações de troca da indústria integradora (carne exportada vs milho) e frigoríficos de bovinos (carne exportada vs arroba).

Enquanto a indústria integradora de suínos, que compra milho e vende a carne no mercado externo teve em abril a melhor relação desde novembro de 2020, o frigorífico que compra bovinos e vende carne in natura teve a pior relação desde julho de 2021. 

Para essa análise, utilizamos a cotação média da carne suína exportada, em reais, comparada com o milho, referência Cepea. Com um quilo de carne suína exportada foi possível comprar 10,2 quilos de milho no último mês, aumento de 43,1% frente ao mesmo período de 2022, quando mercado do milho ainda se acomodava após o salto de preços com o início da guerra da Ucrânia. 

Em abril, com uma tonelada de carne bovina exportada, o frigorífico conseguiu comprar 84,0 arrobas de boi gordo, usando o indicador Cepea como referência. Essa relação foi 5,5% pior que em abril e 4,5% menor que no mesmo mês de 2022. Como citado, desde junho de 2021 (82,3@/t) a relação não atingia tal patamar.   

Para a carne de aves, a situação não está tão fora da curva (é a melhor em cinco meses), embora ainda esteja 22,4% acima da observada abril de 2022. São 7,6 quilos de milho por quilo de carne in natura embarcada. 

Considerações

Com a boa expectativa para as exportações de carne de aves e suína e a melhoria da relação de troca com o milho, principal componente de custo, é possível que haja aumento da produção dessas proteínas, que respondem mais rapidamente ao mercado, quando comparadas à cadeia da bovinocultura.

É preciso monitorar o câmbio e o ritmo dos embarques, para que não haja desencontro entre essa oferta maior e a demanda. De toda forma, tanto as projeções do USDA citadas, como o histórico sugerem bons números de exportação.

Nos últimos 26 anos, as exportações de carnes in natura no segundo semestre foram maiores que as do primeiro em 80,8% dos anos para a carne de aves, 84,6% para a carne bovina e 88,5% para a suína. Vamos acompanhar.

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