Ao longo do mês de junho o Ibovespa chegou a acumular alta de 4,5%, sendo negociado acima do patamar dos 130 mil pontos, impulsionado pela surpresa com o crescimento do PIB do 1º trimestre de 2021 (+1,2%), forçando os economistas a revisarem para cima suas projeções para o ano, de + 4% para + 5,5%.
Entretanto, a partir da segunda quinzena do mês, o otimismo deu lugar à apreensão e o Ibovespa recuou, fechando com alta de 0,46%. Desta vez, os motivos foram quatro:
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A maior preocupação do Banco Central com a inflação, sinalizando juros maiores
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A divulgação de pesquisas de opinião demonstrando perda de apoio do presidente da república
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Crise hídrica que já pressiona a inflação e pode afetar o nível de atividade econômica
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O envio ao Congresso da segunda parte da Reforma Tributária, que apesar de ir na direção correta de promover justiça e simplificação, “pesa a mão” nas alíquotas propostas
Em junho também tivemos importantes avanços do lado das privatizações. O Congresso aprovou de forma definitiva a Medida Provisória que autoriza o andamento do processo de privatização da Eletrobras (SA:ELET3), que deve ser efetivado no próximo ano.
Ao final do mês, houve a oferta de ações da BR Distribuidora (SA:BRDT3) por parte da Petrobras (SA:PETR4) no valor de R$11,3 bilhões, o que na prática significou a efetiva privatização da empresa, fato que deve ser comemorado.
As privatizações reduzem a estrutura do governo e promovem melhorias de longo prazo na produtividade da economia que compensam qualquer concessão feita durante o difícil processo político de aprovação.
Sobre as perspectivas, acreditamos que a retomada do PIB e o avanço mais rápido da vacinação contra a Covid-19 abram caminho para um futuro mais otimista que justificaria uma alta no preço das ações.
No momento, esta alta está sendo represada por conta de alguns aspectos que listamos na primeira parte do texto.
A reabertura da economia de forma mais efetiva a partir do final de julho pode ser o elemento que contribua para um ambiente um pouco menos tenso de um modo geral.
Por enquanto, o Congresso Nacional está propenso a votar as reformas propostas pelo governo e acreditamos que a disposição do Executivo em negociar possa fazer evoluir a Reforma Tributária num formato mais adequado às empresas e ao mercado.
Votar uma fatia da reforma com os objetivos de simplificação e equidade tributária pode ser um feito a ser comemorado pelos agentes econômicos.
Na linha das votações do Congresso, também está prevista para julho a votação para aprovar o início do processo de privatização dos Correios, algo com grandes chances de evoluir e que trará excelentes benefícios para a economia brasileira no longo prazo.
Por último, aguardamos com curiosidade o início de tramitação do polêmico projeto de reforma administrativa, tão necessário e difícil.
Como vemos, existem muitas possibilidades para o Brasil e consideramos que os próximos dois meses podem ser cruciais para que tenhamos um final de ano promissor para os mercados.