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Recordes de 2019 da Pecuária Foram Renovados em 2020

Publicado 12.01.2021, 14:10
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Os recordes observados no setor pecuário nacional em 2019 foram renovados em 2020. Segundo pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, as intensas exportações brasileiras de carne bovina, especialmente à China, atreladas à oferta restrita de boi gordo no pasto, evidenciada por dados oficiais indicando menor número de animais abatidos em boa parte do ano, mantiveram os preços de todo o setor em alta no mercado nacional na maior parte de 2020.

Em novembro, os preços do bezerro, do boi magro, da arroba do boi gordo e da carne atingiram recordes reais das respectivas séries do Cepea. No caso da arroba bovina, chegou a ser negociada próxima de R$ 300,00 no mês.

A valorização da arroba, no entanto, não indica que o pecuarista conseguiu margem maior em 2020. Isso porque os animais de reposição (bezerro e boi magro) também operaram em patamares recordes reais das respectivas séries do Cepea em praticamente o ano todo. Além da reposição – que representa mais da metade dos custos de produção de pecuaristas recriadores –, a forte valorização do dólar em 2020 elevou os preços de importantes insumos pecuários que são importados. Ainda, insumos de alimentação do setor pecuário, como milho e farelo de soja, também subiram com força ao longo de 2020.

No caso da indústria, enquanto as exportações aquecidas e o dólar elevado ajudaram na receita em Reais, as unidades que têm como foco apenas o mercado doméstico se depararam com matéria-prima em preço recorde e demanda por carne bovina um pouco enfraquecida. Ressalta-se que, em boa parte do ano, a população brasileira esteve com o poder de compra enfraquecido, diante da crise econômica gerada pela pandemia de covid-19. Com isso, muitos consumidores migraram para proteínas mais baratas, como suínos, frango e ovos.

Num contexto mais macro, as exportações aquecidas movimentaram a indústria nacional em 2020 e favoreceram o desempenho de todo o ramo pecuário do Brasil. Cálculos do Cepea realizados em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) mostram que, de janeiro a agosto de 2020, o PIB do ramo pecuário cresceu expressivos 13,79%, ao passo que o agrícola avançou 6,12%. Diante disso, o PIB do agronegócio nacional aumentou 8,48% nos oito primeiros meses de 2020.

BOI – O Indicador do boi gordo CEPEA/B3 iniciou 2020 com média de R$ 235,34, atingindo, em novembro, R$ 285,33, recorde real da série histórica mensal do Cepea, iniciada em 1994 (as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI). Em dezembro, contudo, os valores se enfraqueceram, pressionados pelo afastamento de compradores. No campo, houve ligeiro crescimento na oferta de animais para abate, devido à saída de gado do segundo giro de confinamento.

CARNE – A carcaça casada do boi gordo negociada no mercado atacadista da Grande São Paulo atingiu média recorde real de R$ 18,92/kg em novembro. Já no último mês do ano, os valores da carne caíram.

BEZERRO – Como resultado do aumento do abate de fêmeas nos últimos dois anos e do crescimento no abate de novilhas, os preços médios mensais do bezerro renovaram os recordes reais ao longo de 2020. Esse cenário sustentou a rentabilidade do criador, que também se deparou com preços de insumos importados e da alimentação elevados. Em novembro, o bezerro nelore (de 8 a 12 meses) foi comercializado no estado de São Paulo a R$ 2.503,41, recorde real da série deste produto, iniciada em 1994. Em dezembro, o animal foi negociado na casa dos R$ 2.400,00.

BOI MAGRO – Os valores do boi magro também atingiram sucessivos recordes reais em 2020. Em novembro, o valor médio deste animal negociado no estado de São Paulo foi de quase R$ 3.800,00, conforme levantamento do Cepea. No último mês do ano, o boi magro foi negociado entre R$ 3.500,00 e R$ 3.700,00.

EXPORTAÇÕES – Em 2020, as exportações brasileiras de carne bovina in natura mantiveram o ritmo observado no ano anterior, com os volumes mensais acima de 100 mil toneladas. Em novembro, especificamente, a quantidade embarcada pelo Brasil se aproximou de 170 mil toneladas, segundo dados da Secex.

De janeiro a dezembro, as exportações brasileiras de carne bovina in natura somavam 1,725 milhão de toneladas, 12,55% a mais que em 2019 e um recorde. A receita, por sua vez, somou R$ 38,79 bilhões, sendo 53% a mais que em todo 2019 e um recorde.

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