O sonho de uma recomposição de estoques no mercado global de soja parece estar ficando cada vez mais distante, isso à medida que passa, pois a situação climática está comprometendo a produtividade. No Centro-Oeste, região que mais produz soja no Brasil, é preocupante, pois, além de comprometer o plantio da soja, ainda deve comprometer de vez o plantio de milho safrinha elevando os preços e trazendo riscos para cadeia alimentar.
Embora o USDA (Departamento Agrícola dos Estados Unidos) em seu relatório de O&D divulgado no último dia 10 manteve a produção brasileira em 94,00 milhões de toneladas, sabemos da morosidade nas revisões de números para América do Sul, no entanto, no relatório de dezembro essa revisão deve acontecer mesmo que de maneira tímida. Já, os números da CONAB parecem estar mais próximos da atual realidade, no entanto, qualquer que seja os números é preciso considerar que a quebra de safra no Brasil já é realidade.
Nos atuais patamares de preços ‘deprimidos’ não é surpresa que a China esteja recompondo seus estoques de maneira mais agressiva, isso é perceptível nos próprios números de vendas para exportação dos EUA que, com 10 semanas, já comprometeu 78% de sua projeção de vendas para temporada 2014/15 e que, ainda, tem 42 semanas para finalizar o ano comercial. Levando em consideração os atuais ‘números’, os EUA não podem comprometer mais que 240 mil toneladas de soja por semana nas próximas vendas. Com a safra brasileira sendo empurrada 30 dias a mais em função no atraso dos plantios, as questões logísticas poderão comprometer a rentabilidade do produtor no pico da safra.
E o que dizer do farelo de soja que também teve revisão nos números de exportação no último relatório do USDA? Em apenas 06 semanas de ano comercial, que começou em 01 de outubro, os EUA já comprometeu 54% de suas projeções, assim sendo os EUA não podem vender mais que 115 mil toneladas por semana até final de setembro de 2015.
A realidade é que, com um comprometimento enorme da safra americana e uma estiagem aqui no Brasil que a cada dia compromete mais a produtividade, as fortes altas registrada nas últimas semanas é um sinal de que os relatos de produtores precisam ser levados em consideração nas próximas revisões, muito embora os Órgãos Governamentais se mantenham avesso a esses fatos, ao produtor cabe refazer custos e aproveitar os picos de altas para travas parciais.
Márcio Genciano
Consultor em Agronegócios