Rebaixamento Suportado no Curto Prazo, Mas Efeito Pode Vir no Médio/ Longo Prazos

Publicado 26.02.2018, 12:02
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A predominância da exuberante liquidez no mercado internacional permite que o mercado brasileiro suporte bem um novo rebaixamento do seu rating de crédito, agora pela agência Fitch, mas inegavelmente, por mais que esperado, é sempre desgastante e pode afetar mais drasticamente o apetite pelo país entre os emergentes no médio e longo prazo.

Com o excesso de recursos no mundo financeiro global, ainda que 3 graus abaixo do grau de investimento, o Brasil parece resistir às desaprovações das agências de rating, mas em perspectiva é possível admitir retração neste volume de liquidez mundial e não se pode perder de vista a situação fiscal dramática brasileira que se configura sem haver fatores que possam induzir a melhoria e sim, muito pelo contrário, deve agregar ao agravamento a evolução do problema em torno da previdência.

São fatores que convergindo com proximidade devem afetar os emergentes e entre estes os que revelarem pior quadro.

Inegavelmente, as 15 propostas requentadas, apresentadas pelo governo como sucedâneas à expressiva derrota sofrida na propositura da reforma da previdência, não se colocam como sugestivas de solução para a crise fiscal em perspectiva.

Aumentar impostos seria altamente danoso para a economia brasileira no momento em que insinua sair dos escombros.

Há adiante um “momento de distração” que será proporcionado pela realização da Copa do Mundo, mas adiante o clima predominante deverá ganhar tensão e avolumar-se em incertezas, que então poderão determinar mudanças no estado de ânimo atual, isto se até lá não houver medidas de impacto do FED e demais BC´s focando a retração da liquidez global, afora mudanças mais abruptas nas taxas de juros.

A economia vem permitindo a manutenção do otimismo, embora com excessos comemorativos sobre as conquistas, mas pode sofrer impactos com resoluções externas e com a predominância interna da política sobre as decisões econômicas.

As questões políticas deverão acentuar-se a partir de julho/agosto com o embate entre os partidos, escolhas dos candidatos, solução em torno do impedimento de candidatura do ex-Presidente Lula, e, de perspectivas sobre o futuro breve a partir dos candidatos e suas viabilidades eleitorais.

Embates, discussões, definições, etc...., tendem a impactar no ânimo dos investidores no mercado financeiro, com ênfase aos estrangeiros, tanto de renda fixa quanto de renda variável, e, por serem os recursos externos, em sua grande maioria, fomentados por capitais especulativos forjados por operações de “carry trade”, não se pode descartar postura mais cautelosa em torno do Brasil.

Então, embora haja uma percepção de curto prazo, que entendemos imprecisa, de baixo impacto dos rebaixamentos de notas de crédito, os reflexos seguramente ocorrerão quando a abastança de recursos refluir no mercado financeiro global e os investidores se tornarem mais seletivos, e no caso brasileiro isto poderá até ser antecipados a partir do cenário eleitoral a partir de julho.

O sentimento predominante, reproduzido pelo Boletim Focus, é otimista com projeção de números cada vez melhores, o que demonstra, por ser formado a partir da opinião de instituições financeiras, que não há um foco mais agudo sobre os riscos e incertezas no médio prazo como se tudo fosse linear no sentido positivo, que a despeito desta postura sugerem sensatez e prudência.

Embora o contexto da nossa economia seja evolutivo, ainda não há uma reação considerável no quesito emprego e renda em termos efetivos, a ponto de se otimizar em demasia o crescimento do PIB em 2018.

Consideramos que há baixa sustentabilidade para o cenário atual, muito dependente da situação externa com exuberante liquidez, que ofusca uma visão mais cética em torno dos riscos, incertezas e ausência consistente sobre perspectivas políticas no Brasil, visto que não há neste momento candidato à eleição presidencial que possa ser considerado como viável e a partir daí formar-se perspectivas do seu governo.

A vulnerabilidade é detectável quando ocorre algum ruído mais consistente no mercado internacional, e, os nossos indicadores de Bolsa e dólar se revertem rapidamente.

Amanhã e na quinta feira, Powell, presidente do FED americano, deverá se pronunciar perante comissões do Congresso dos Estados Unidos, e este fato deverá merecer muita observação por parte dos investidores, face ao aumento da inflação e sobre a política de aumento de juros.

O Brasil tem razões inúmeras para moderar a volúpia otimista no mercado financeiro, pois tem riscos desafiadores internos e riscos relevantes com eventuais mudanças no cenário externo.

Acreditamos que este seja um período para maior atenção, pois já iniciaremos o ultimo mês do 1º trimestre, podendo ser que no 2º trimestre tenhamos cenários mutantes.

O BC continua administrando o preço do dólar de forma sutil, mas o Brasil tem problemas fiscais, observados pelas agências de rating, que sugerem que o preço praticado no momento esteja desalinhado com a nossa realidade, se prestando para impactar positivamente na inflação.

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