A Ata da mais recente reunião do BC/COPOM tenta resgatar a postura da decisão do órgão estar atrás da curva, visto que a elevação do juro decidida mostra-se aquém das perspectivas inflacionárias, e então, trás uma mensagem clara e objetiva de que será mais assertiva e incisiva na próxima reunião, buscando assim afetar as expectativas e dar um norte mais seguro ao mercado.
O juro é um forte antídoto à depreciação do real, que assim ganha perspectiva de acentuar o viés de apreciação em perspectiva.
Por outro lado, também fato relevante, é a realidade estar neutralizando os efusivos ruídos políticos inconsequentes e perturbadores, e com isto atenuar as repercussões, contribuindo para mitigar as incertezas e inseguranças fortemente fomentadas, que acabam repercutindo no mercado financeiro e na formação dos preços dos seus ativos.
Enquanto isto, do exterior vem sinais positivos com aprovações de estímulos substantivos nos Estados Unidos focando o desenvolvimento de sua atividade econômica, e isto deixa o entendimento subliminar que ao governo americano/FED não interessa ter o dólar forte, visto que isto iria contra sua estratégia de incentivar seu setor produtivo a dinamizar seu desempenho e geração de emprego e renda com aumento da competitividade dos seus produtos exportáveis e protegendo sua indústria da concorrência externa.
Neste ambiente, a visão prospectiva é de que o real no nosso mercado retome o viés de apreciação, e se não houver atropelos intempestivos, poder alinhar-se na rota dos R$ 5,00, salvo se houver deliberações populistas de parte do governo que afetem severamente as perspectivas fiscais do país.
A sinalização contida na Ata do BC/COPOM pode induzir até a possibilidade de um novo ajuste na SELIC da ordem de 1,5% e isto poderia efetivamente motivar os investidores estrangeiros a retornarem aplicações no mercado de renda fixa brasileiro, o que melhoraria o fluxo cambial e, certamente, contribuiria para acentuar a tendência de apreciação da moeda local.
Como temos salientado não se pode perder o foco na crise hídrica que pode inibir atividade econômica e investimentos, e a pandemia do coronavírus que passa por fase de acomodação, mas sabidamente em campo fértil por aqui para redinamizar-se.
Entendemos que as perspectivas de correções nos juros e reconhecimento da intensidade da inflação presente afetarão positivamente o comportamento do mercado financeiro, em especial a formação do preço do dólar, sendo que a Bovespa depende do capital estrangeiro vislumbrar efetiva retomada da atividade econômica, com novas oportunidades afora aquelas contumazes que focam fortemente os papéis ligados a commodities e setor financeiro.