Fechamos a semana passada com o dólar cotado a R$ 5,2002 para venda. A cautela em torno dos desdobramentos das críticas do presidente Lula ao Banco Central, após a divulgação do PIB do quarto trimestre, impediu que o real se beneficiasse de forma mais abrangente da rodada de enfraquecimento do dólar no exterior. O dia foi de apetite ao risco lá fora, com dados fortes do setor de serviços na China e indicadores bons de atividade nos EUA e Europa.
Analisando os EUA, temos que, embora a inflação pela medida preferida do Fed tenha caído do nível de cerca de 7% em meados de 2022 para 5,4% em janeiro, a última leitura mensal mostrou que as pressões sobre os preços avançaram no ritmo mais acelerado em sete meses. O mercado aumentou as expectativas de que os formuladores de política monetária do Banco Central elevarão as taxas nos próximos meses acima dos 5,1% que a maioria deles tinha previsto em dezembro. As autoridades do Fed publicarão novas projeções para a política monetária e a economia no encerramento de sua próxima reunião de 21-22 de março. Com isso, manteremos por aqui expectativa de dólar forte. Se os juros sobem na economia americana, a moeda deles se fortalece!
Enquanto isso, na China a sessão parlamentar anual de ontem inicia em meio a expectativas de que o Congresso Nacional do Povo (NPC) implemente a maior mudança de governo em uma década, enquanto Pequim enfrenta uma série de desafios e procura reviver sua economia atingida pelo Covid. A segunda maior economia do mundo cresceu apenas 3% no ano passado, prejudicada por três anos de restrições relacionadas ao Covid, crise em seu vasto setor imobiliário, bem como repressão à iniciativa privada, o que atrapalhou os investidores e enfraqueceu a demanda por exportações chinesas. Globalmente, a China enfrenta inúmeros ventos contrários, incluindo o agravamento das relações com os Estados Unidos, que está tentando bloquear seu acesso a tecnologias de ponta, e laços tensos com a Europa Ocidental, um parceiro comercial crucial, devido ao apoio diplomático de Pequim à Rússia na guerra na Ucrânia.
Por aqui devemos ficar atentos ao que significou a forte saída de recursos da bolsa brasileira em fevereiro. Será receio com o comprometimento fiscal do novo governo? Teremos que aguardar o novo arcabouço fiscal para entender melhor o rumo que nossa economia vai tomar. Além disso, e mais preocupante, é a questão dos juros e a pressão do presidente em cima de Campos Neto sobre esse assunto. Se o BC tomar uma decisão prematura de reduzir ou sinalizar que vai reduzir as taxa de juros em breve no Copom deste mês, o ambiente para ativos domésticos pode piorar, com curva longa subindo, porque as expectativas de inflação não estão recuando e daí dólar sobe mais.
No calendário econômico de hoje, teremos aqui no Brasil o boletim Focus, que sai toda segunda-feira. Na Zona do Euro, veremos as Vendas no Varejo e o discurso de Lane, do BCE. E vamos ficar de olho no noticiário político, que está impactando bastante na nossa taxa de câmbio. Bons negócios a todos! Excelente semana e muito lucro!