Com agenda econômica fraca, as atenções se voltam para o exterior e a política, que podem dar alguma direção ao câmbio hoje, assim como ocorreu ontem. Enquanto isso, continuamos aguardando Jackson Hole para tentar saber quando serão retirados os estímulos da economia americana. Observe que, com a variante delta do coronavírus circulando pelo mundo e sem sabermos o potencial impacto disso sobre a economia, pode ser que o chairman do Federal Reserve (Fed) Jerome Powell não queira se comprometer já com o rumo da política monetária americana.
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Na política, o atrito entre os três poderes segue forte com o pedido de impeachment apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra o ministro do STF Alexandre de Moraes, além da novela do Imposto de Renda (IR) e a polêmica PEC dos precatórios. A falta de harmonia institucional e a antecipação do clima eleitoral fazem com que o combustível e o dólar atinjam taxas altas. Só piora o mal estar no quadro econômico já fragilizado pela escalada da inflação que pede juros mais altos e compromete o PIB de 2022. O que aconteceu com a curva de juros nas últimas semanas ajuda a perceber a deterioração da percepção de risco dos investidores.
Governo avalia internamente um plano B para a questão dos precatórios. Um dos grandes problemas quanto a este assunto está em associar o tema ao bolsa família. A preocupação com o assunto é sobre furar o teto de gastos. O ministro da Economia Guedes disse que ou viola o teto ou parcela os precatórios. Tudo isso coloca em xeque a credibilidade fiscal do governo.
As tensões políticas diminuem o apetite dos investidores pelo Brasil. Apesar disso, ontem o clima benigno no exterior e a perspectiva de juros mais atrativos no Brasil compensando, pelo menos por ora, os constantes ruídos políticos e fiscais domésticos fizeram a moeda americana recuar. Até que caiu bem, apesar da volatilidade absurda do dia. Na máxima, o dólar chegou a R$ 5,3643 e na mínima a R$ 5,248.
Dólar fechou ontem em baixa de 2,23%, encerrando o dia cotado a R$ 5,262, maior queda diária desde 31 de março. O dólar continua acumulando alta de 1% no mês. O desempenho da moeda ontem reflete, além de um ambiente internacional inclinado a risco, um movimento de internalização de recursos por parte de exportadores e investidores estrangeiros fazendo o carry trade.
No exterior, a economia da Alemanha está se recuperando e cresceu mais do que o esperado no 2º trimestre. Estados Unidos reconheceu a eficácia da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34) e quem sabe a população por lá adere mais a vacinação.
Para hoje de importante, o IPCA-15 que dá uma medida de inflação aqui no Brasil. E autonomia do Banco Central que será julgada hoje pelo STF.