Publicado originalmente em inglês em 21/05/2021
O maior rali das commodities em 2021 pode estar com os dias contados.
O contrato futuro do suíno magro nos EUA pode devolver grande parte da sua disparada de 60% no ano se a China continuar se recuperando da epidemia viral que dizimou a população de suínos do maior país consumidor dessa proteína no mundo.
O contrato futuro de suínos vivos lançado em janeiro na China atingiu seus níveis mais baixos no ano durante o pregão de quarta-feira, recuando cerca de 5% diante da fraqueza do preço à vista e da expectativa de melhor produção interna, o que acabou pesando sobre o mercado.
Analistas disseram que grandes volumes de suínos gordos estavam sendo enviados aos abatedouros, o que enfraqueceu os preços no mercado spot, que vem caindo forte desde o início do ano.
O preço à vista do suíno na China estava a 18 iuanes (US$2,80) por kg, ou seja, metade dos 36 iuanes/kg registrados no início de janeiro, quando a Febre Suína Africana (FSA) ainda afetava a indústria de porcos do país.
A tonelada de suíno vivo futuro na Bolsa de Commodities de Dalian registrava queda de 4,7% na quarta-feira, a 23.580 iuanes (US$3.663,94).
Oferta de suínos na China se recupera
Wang Xiaoyang, analista da Sinolink Futures, disse o seguinte em entrevista à Reuters:
“O mercado espera mais suínos no futuro. As vendas de ração estão muito boas e superaram as do ano passado e do mês anterior... A maior parte da demanda vem do setor de suínos”.
“Alguns especialistas acreditam que a produção de suínos pode voltar aos níveis pré-FSA no segundo semestre do ano, desde que não haja epidemias graves no Sul durante a estação chuvosa”.
Mas, nos Estados Unidos, o contrato futuro de suíno magro na Bolsa Mercantil de Chicago (CME) não mostra qualquer sinal de arrefecimento, após um extraordinário ralo em 2021, na esteira da crise da FSA na China.
O suíno magro na CME com entrega em julho atingiu seu nível mais alto em quase 7 anos, tocando US$ 1,1250 por lb. No acumulado do ano, o contrato de referência para suínos americanos registra alta de 59,7%, graças à crise chinesa.
Desde que a febre suína chegou pela primeira vez na China em agosto de 2018, estima-se que a infecção tenha devastado 60% dos animais no maior mercado produtor e consumidor de suínos do mundo, que costumava suprir 30% das necessidades do planeta.
Quando a China sacrificou milhões de porcos em 2020, não por sua carne, mas para interromper a disseminação do vírus. E foi a oferta americana que satisfez o apetite dos amantes de carne suína na China.
Ainda nenhum sinal de topo no mercado futuro de suínos nos EUA
Jim Wyckoff, veterano analista agropecuário, disse em uma publicação no portal thepigsite.com:
“O suíno magro futuro continua registrando novas máximas, sem qualquer indicação técnica de topo no mercado no curto prazo”.
“A restrição de oferta de porcos nos EUA e a forte demanda interna e externa pela proteína suína americana continua imprimindo força no mercado futuro”.
Mas Wyckoff reconhece as preocupações de quem perdeu a crença no rali:
“Os preços do suíno magro estão ‘rarefeitos’ e a história mostra que ganhos meteóricos de preço não duram muito tempo”.
Na quinta-feira, o Departamento de Agricultura nos EUA informou que as vendas líquidas semanais de carne suína foram de 48.200 toneladas métricas, alta de 36% em relação à semana passada e bem acima da média das últimas quatro semanas.
Essas altas se devem principalmente ao consumo no México, que aumentou em 19.400 milhões de toneladas, com a China em segundo lugar, com 15.000 toneladas a mais.
Depto. de Agricultura dos EUA: Crise suína na China deve durar até meados de 2021
O USDA também afirmou que os números de suínos na China deveriam repicar até meados de 2021 se a epidemia de FSA fosse controlada.
“Alguns produtores estão postergando a recomposição de estoques em suas fazendas temendo novas epidemias e cepas de FSA e preços elevados da ração.”
"Esses fatores devem desacelerar a retomada da população de porcos na China em 2021 e oferecer uma perspectiva contrária às recentes declarações de autoridades chinesas.”
A baixa temporada atual de consumo de suínos na China também estava influenciando a demanda doméstica por carne, segundo fontes consultadas pela Reuters.
Yuan Song, diretor de pesquisa da China-America Commodity Data Analytics, afirmou:
“As ofertas continuam se recuperando, mas a demanda ainda não deu as caras”.
“A demanda eventualmente crescerá, mas, no longo prazo, os preços devem entrar em ciclo de correção, à medida que a capacidade de produção da indústria se recupera e o número de suínos aumenta".
Aviso de isenção: Barani Krishnan utiliza diversas visões além da sua para oferecer aos leitores uma variedade de análises sobre os mercados. A bem da neutralidade, ele apresenta visões e variáveis de mercado contrárias. O analista não possui posições nos ativos e commodities sobre os quais escreve.