Algo que eu me pergunto constantemente é: quanto tempo uma ação “quality” (aquelas queridinhas pelo mercado) precisa performar mal para que seu preço volte a fazer sentido.
RaiaDrogasil (SA:RADL3) veio com resultados acima do esperado pelo mercado, mas com margens caindo de maneira contínua. Não sei como é nos outros estados, mas em SP já temos mais farmácias que esquinas.
Receita bruta +14 por cento, Ebitda +8 por cento e lucros +16 por cento. A aquisição da Onofre saiu em todos os jornais, mas representa 3 por cento das vendas da companhia – não faz nenhuma diferença.
Seria o caso do mercado esperando pouco ou da empresa direcionando bem as planilhas do sellside (bancos e corretoras) para dar “um pouco acima”. É o truque mais velho do livro.
O destaque no trimestre foi vendas das mesmas lojas subindo para +5 por cento após passar 2018 crescendo ao redor de +2,5 por cento.
O problema aqui é o Grande, Magnânimo, Excelentíssimo Preço. RADL negocia a gigantescos 18x Ebitda e 40x lucros. Só de pensar neste preço me dá vertigem.
No Value Investing de Buffett, a ideia é comprar o desconhecido barato e não o caro na moda. E Raia é o exato oposto do que fazemos no Investidor de Valor e do que fez Buffett se transformar no maior investidor de todos os tempos. Fique de fora.
SulAmerica: Por Que A Berkshire Não Funciona No Brasil
Muita gente me pergunta por que não comprar seguradoras como Buffett o faz nos EUA.
Mas veja bem. Buffett compra a seguradora inteira (ou o controle) para investir o float (o caixa que pagamos de prêmio dos seguros) da forma que bem entende.
Como Buffett é o maior investidor de todos os tempos, o plano é genial. Buffett “ganha” bilhões em caixa para investir a um custo baixíssimo – é o dinheiro mais barato do mundo.
Mas, para nós no Brasil, não funciona exatamente assim. Aqui, a SUSEP (Superintendência de Seguros Privados) não nos permitiria a mesma liberdade para alocar dinheiro que Buffett tem nos EUA.
Algumas estimativas apontam que a Berkshire (holding de investimentos de Buffett) possui ao redor de 30 por cento do Float em ações e a SulAmerica (SA:SULA11), por exemplo, possui míseros 1,5 por cento.
SULA precisa comprar MUITO mais bolsa (se a SUSEP deixar).
E, no 4T18, SulAmerica divulgou receitas subindo +11 por cento, mas com lucros caindo -5 por cento.
Os lucros caíram com o CDI menor (84 por cento do float está no CDI), mas SULA está animada com seu resultados operacionais e com a melhora na economia nacional.
Mas SULA está em um mercado segurador complicado. Saúde é dos mais regulados (difíceis) e mais sujeitos a mudanças (obrigado SUSEP).
Outro problema, como sempre, é o preço. A 20x lucros, no Investidor de Valor, preferimos comprar a seguradora dentro da maravilhosa Itaúsa (SA:ITSA4) – que negocia a apenas 12x.
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