Como regra, uma companhia que é boa pagadora de dividendos precisa ter capacidade de gerar lucro. Mais do que isso: é essencial ter consistência nos resultados ao longo do tempo.
Por esse motivo, as ações do setor de energia elétrica se destacam. São empresas que costumam ter previsibilidade de receitas e geração de caixa.
Logicamente, é preciso analisar caso a caso, considerando fatores como eficiência da gestão, qualidade da governança e o baixo endividamento.
A Bolsa brasileira tem ações com alto potencial para pagar “salários-extras” na forma de dividendos. Com uma estratégia de reinvestir os dividendos, é possível até mesmo fazer fortuna – esse é o efeito exponencial dos juros sobre juros.
A favorita no setor elétrico, em nossa opinião, é a Alupar (SA:ALUP11), uma holding dona de empresas de transmissão, que também possui um pequeno braço de geração de energia. A empresa conta com 30 sistemas - sendo 25 operacionais e 5 em fase de implantação - totalizando quase 8 mil quilômetros de linhas de transmissão.
É justamente o fato de ela atuar com transmissão é o que a torna bastante atrativa.
O marco regulatório de transmissão de energia no país é robusto. As concessões são de 30 anos e os parâmetros de receitas definidos pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) preveem reajustes pelo índice de inflação.
Outra vantagem é que Alupar não tem exposição à quantidade de energia gerada ou distribuída. Isso porque ela é remunerada pela infraestrutura que oferece, ou seja, a ligação entre as geradoras e distribuidoras. Portanto, não sofre oscilações na receita por conta do fluxo de energia.
Por consequência, também tem menor risco de inadimplência, pois a empresa é remunerada por todos os players que dependem dos seus sistemas e linhas para fornecer energia.
Então, dado o perfil do negócio, os fluxos de caixa estão mais ou menos dados.
O preço é outro fator favorável. A Alupar está em pleno crescimento e carrega uma assimetria interessante de valor.
Em 2020, as ações da Alupar renderam 4% em dividendos. Porém, neste ano e nos próximos, novos projetos de linhas de transmissão que foram conquistados em leilões deverão entrar em atividade e gerar mais caixa.
Desse modo, a empresa deve desalavancar o seu balanço; ou seja, reduzir o seu endividamento. Junto com o aumento do percentual de lucro que será distribuído aos acionistas (payout), isso tende a elevar os dividendos.
A expectativa é de um dividend yield de 5% em 2021 e de 7% em 2022.
É um excelente rendimento comparado à taxa Selic, hoje em 3,5% ao ano.
Sempre gosto de destacar que é interessante manter ações de companhias boas pagadoras de proventos na sua carteira, dentro de uma estratégia diversificada de investimentos.
Um abraço!