Prefixado ou IPCA : quem possui mais Volatilidade (Risco de Mercado)?
Eu prometi no artigo 5 Ferramentas Estatísticas para avaliar o Risco de Mercado de Títulos do Tesouro Direto, que traria uma forma de comparar os riscos de mercado dos ativos Prefixados versus os ativos IPCAs. Para isso precisamos encontrar ativos com a mesma duração, para isolarmos o componente indexador: Pré x IPCA.
Mas como fazer isso se não existem títulos públicos com fluxos e durations exatamente iguais variando somente o indexador?
A solução é utilizar os Índices de Duração (Duration) Constante da Anbima
Anbima descreve no arquivo da Metodologia do índice, que o IDkA – Índice de Duração Constante Anbima é uma família de índices que mede o comportamento de carteiras sintéticas de títulos públicos federais com prazo constante. Ele é calculado a partir de vértices definidos das Estrutura a Termo da Taxa de Juros (ETTJ) (curvas de juros zero cupom), calculadas pela ANBIMA, a partir das taxas de juros indicativas de títulos públicos prefixados e indexados ao IPCA. O índice foi calculado retroativamente até o início de 2006, constituído com data-base em 30/12/2005 em valor igual a 1.000,00.
Através dos IDkAs podemos calcular as rentabilidades oriundas dos movimentos nas curvas de juros nominal e real. Como a sua duration é constante podemos verificar sua série histórica sem nos preocuparmos com o decaimento do prazo, consequência da diminuição do número de dias úteis até o vencimento.
São divulgados índices com duração de três meses (63 dias úteis); um ano (252 dias úteis); dois (504dias úteis); três (756 dias úteis); e cinco anos (1.260 dias úteis) para o segmento PREFIXADO; e de dois (504 dias úteis); três (756 dias úteis); cinco (1.260 dias úteis); dez (2.520 dias úteis); quinze (3.780 dias úteis); vinte (5.040 dias úteis); e trinta anos (7.560 dias úteis) para aqueles indexados ao IPCA.
Os Índices de Duração Constante são gerados a partir de uma aplicação teórica inicial de 1.000,00 unidades monetárias no tempo (t), no ativo sintético (vértice n da ETTJ), que é vendido no dia útil imediatamente posterior (t+1), pela taxa da ETTJ de n-1, gerando um novo valor financeiro a ser reinvestido pela taxa do vértice n nesta mesma data.
Este procedimento é realizado diariamente, de maneira a mensurar a rentabilidade da carteira sintética, impactada pelos movimentos das curvas de juros.
Vamos explicar melhor a vantagem no uso dos IDkAs. Imagine se quiséssemos analisar a série histórica de rentabilidade de um Prefixado (LTN) 01/2020 em uma janela temporal retroativa de 3 anos. Escolhemos de 31/07/2015 até 31/07/2018. A duration desse Prefixado em 31/07/2015 (1.109 d.u.) é bem diferente da duration de 31/07/2018 (358 d.u.), pois a duração do ativo vai reduzindo com a passagem do tempo, logo o risco do ativo vai diminuindo.
Tudo mais constate, a duration reduz 1 dia útil conforme caminha para o vencimento.
Ao analisarmos a série de retornos do IDkA, não precisamos nos preocupar com a mudança na duration, pois ela é constante. Se queremos estudar um Tesouro Prefixado (LTN) com 504 d.u. de duration, basta estudarmos a série do IDkA Pré 2 anos.
Outra grande vantagem do IDka, é o fato dele nos permitir avaliar dois ativos com indexadores diferentes (Prefixado e IPCA), mas com durações idênticas. Assim podemos nos concentrar em avaliar somente as diferenças nos preços inerentes à variação nas taxas de mercado Nominal e Real (sabe a diferença?).
Prefixado x IPCA: agora podemos saber quem variou mais (volatilidade) e quem rendeu mais, historicamente!
Vamos às contas? Com isso, podemos analisar na prática!
Afinal de contas, esse é o propósito do Renda Fixa Prática!
Primeiro vamos trazer uma tabela com algumas métricas estatísticas (vide artigo sobre as 5 ferramentas!) para verificarmos o Risco de Mercado dos dois indexadores:
Comparem as métricas por duração: Idka Pré 2A com Idka IPCA 2A e Idka Pré 5A versus Idka IPCA 5A.
Reparem que os IDkAs IPCA são menos voláteis (desvio padrão) que os Prefixados e possuem todas as métricas apontando para um menor risco de mercado.
Uma boa explicação para isso é o fato dos ativos IPCAs terem o VNA corrigido pela inflação, o que se pode considerar um seguro para o ativo. A chance de receber mais que a inflação aplicando no título público IPCA é maior que do título Prefixado.
Mais ora, se o Tesouro IPCA (NTN-B) paga inflação mais um plus (taxa), como ele pode não entregar a inflação?
Bem, aqui nós não estamos considerando o fato de podermos levar o ativo até o vencimento. Estamos avaliando risco de mercado, ou seja, a possibilidade/necessidade de ter que sair antes do papel.
Aproveito para trazer nosso monitor cardíaco. Lembrem-se, quem apresenta mais altos e baixos, possui mais risco!
Fique ligado: o passado não necessariamente refletirá o futuro!
No mercado financeiro a única variável constante é a mudança!
Antes de me despedir, convido a conferirem mais abaixo, as rentabilidades mensais e algumas métricas estatísticas de risco. Também há um gráfico com as rentabilidades acumuladas no período para terem uma noção do comportamento dos índices.
A excelência é uma utopia, sempre há algo a melhorar!
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