O preço do petróleo caiu na última semana, depois de registrar altas recentes. Um dos possíveis culpados supostamente é a aceleração da produção dos produtores de shale oil americanos. Mas isso realmente gera queda de preços?
Embora não se conheça os dados do mês de janeiro ainda, há uma crença muito forte de que a produção de shale oil vai crescer — isso se já não o fez — como uma reação à alta dos preços gerada pelo acordo da Opep. Harold Hamm, presidente da Continental Resources, afirmou à Bloomberg que "existe uma preocupação real do setor de que nós podemos contribuir para um desses ajustes de preço se nos deixarmos levar pelo que vier a acontecer." Fatih Birol, da IEA, destacou à Reuters Television, em Dubai, que "espera que o shale oil americano volte a acelerar a a produção este ano."
Portanto, a questão é se o aumento da produção de shale oil realmente pressiona os preços do petróleo neste exato momento.
As projeções indicam um possível excesso de oferta de shale novamente em 2017. Amos Hochstein, o enviador especial e coordenador de assuntos energéticos internacionais do Departamento de Estado dos EUA, disse à Gulf News que "como resultado da medida da Opep, os preços subiram alguns dólares e, como resultado, houve novo aumento da produção de shale oil nos EUA. Limitando a produção total, atingimos 8,4 milhões de barris por dia e agora voltamos para 8,7 milhões de barris por dia."
Os investidores acreditam que a maior produção nos EUA compensará os cortes da Opep e de outros países não membros do órgão que participam do acordo. Contudo, os traders têm opiniões diferentes sobre o nível de compensação esperado e, portanto, estão se posicionando e se preparando de maneiras diferentes. Alguns veem esse aumento de produção com quase a mesma força que os cortes da Opep e parceiros, enquanto outros enxergam uma compensação menos robusta.
É improvável que a maior produção nos EUA anule totalmente o corte de produção planejado pela Opep e por outros países parceiros, mas se a produção americana atingir o número de 9,3 milhões bpd, sinalizado pela EIA, a compensação será bem intensa. Por outro lado, baseando-se na experiência, a maioria dos mercados duvida que a Opep e seus parceiros efetivamente apliquem a redução média de 1,75 milhões bpd, como previsto, nos seis meses do acordo. Por isso, é realmente possível que a produção americana compense totalmente os cortes da Opep e de parceiros a um nível de produção mais razoável.
Investidores sofisticados ficarão de olho no equilíbrio entre os cortes da Opep e parceiros e a maior produção dos EUA, além de considerar produtores em situação parecida com a americana, como o Canadá. É dessa forma que os níveis de produção mundiais serão considerados de agora até o fim da primavera.
O primeiro evento importante para o tema será a reunião de conformidade da Opep, agendada para 22 de janeiro em Viena. É bem provável que a Opep afirme que tudo está correndo perfeitamente bem com o acordo de corte de produção.
Em primeiro lugar, as exigências de redução determinam um nível de produção diário médio ao longo de 6 meses, então há uma certa liberdade para os países ajustarem a produção de acordo com esse aspecto do acordo. Em segundo lugar, a Opep não vai querer admitir falha tão cedo, por isso as mensagens pós-reunião provavelmente serão positivas. Em terceiro lugar, quando os países descumpriram o acordo no passado, os principais produtores (especialmente a Arábia Saudita), muitas vezes compensaram discretamente com cortes adicionais.