Por Isabella Cavalcante, Alcides Torres e Julia Zenatti
A ponta compradora com as escalas de abate confortáveis e a sinalização de queda na última semana, a cotação da arroba de boi e vaca gordos caiu R$3,00 na comparação com o último levantamento (6/1).
Alagoas
No levantamento diário, a referência para boi, vaca e novilha gordos permaneceu estável.
Atacado com osso
Na primeira semana de janeiro, as movimentações de venda para o atacado e varejo foram consideradas razoáveis. Houve uma inversão nas preferências do consumidor, que refletiu em um incremento de 3,7% na cotação do dianteiro nos últimos sete dias.
Com isso, na variação semanal, a cotação da carcaça casada de bovinos inteiros subiu 1,0%. Para a carcaça de bovinos castrados, incremento de 1,2%.
"Nem tudo é o que parece"
Os últimos anos foram marcados pela instabilidade – pandemia, guerra russo-ucraniana, insegurança alimentar, insegurança energética – que provocaram inflação, mudando o mercado. Acompanhe, na tabela 1, a evolução da inflação brasileira nos últimos dez anos, segundo o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Tabela 1.
Evolução da variação anual da inflação brasileira (IPCA), de 2000 a dezembro de 2022.
*até 19/12/2022
Fonte: IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
A inflação, entre outros fenômenos, desvaloriza a moeda, encarece as mercadorias e faz o consumidor perder poder de compra. Os salários não acompanham a alta dos preços dos itens de consumo na mesma velocidade (figura 1).
Figura 1.
Evolução do salário mínimo nos últimos doze anos, em reais, deflacionado pelo IPCA.
*período pós covid-19
Fonte: IPEA e IBGE / Elaborado por Scot Consultoria
O aumento de preços não é o único formato em que a inflação se manifesta, com a elevação no custo de vida e a perda do poder de compra do consumidor, a ponta vendedora adota estratégias para manter o nível de vendas.
A reduflação, do inglês shrinkflation, onde shrink significa reduzir e inflation, inflação, consiste em uma estratégia de marketing para mascarar o aumento de preço de mercadorias. A prática consiste em diminuir a quantidade de produto, diminuir a embalagem ao invés de aumentar o preço, dando a falsa impressão de que não houve alteração.
Outra estratégia é ofertar produtos similares, esses são parecidos com os originais, no entanto, possuem alterações em sua composição, o que permite reduzir o custo.
Nesse ano, no primeiro semestre, por exemplo, os preços dos produtos lácteos subiram intensamente. Para driblar esse quadro, produtos similares foram lançados, como mistura láctea condensada no lugar do leite condensado, ou bebida láctea UHT, ocupando o lugar do tradicional leite UHT.
Segundo o Código de Defesa do Consumidor, essas alterações, em volume ou composição, devem ser sinalizadas na embalagem do produto durante um tempo hábil de, no mínimo, 6 meses, para que os consumidores tomem consciência das mudanças, sendo essas condições sujeitas a penalidades caso não cumpridas.
A tendência é de que essas práticas perdurem, uma vez que a recuperação econômica tende a ser lenta. Além disso, uma vez que essas “novas” mercadorias conquistem espaço no mercado, sejam atraentes para o consumidor e rentáveis ao fabricante, dificilmente veremos as marcas retornando ao seu formato original.