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Quatro Eventos Mundiais Podem Influenciar os Preços do Petróleo neste Ano

Publicado 02.01.2020, 10:14
Atualizado 02.09.2020, 03:05
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Uma combinação de fatores dinâmicos geralmente direciona os mercados de petróleo: a geopolítica, a política e os fundamentos. Se, por um lado, é possível medir os fundamentos e rastrear suas mudanças, o mesmo não se pode dizer das previsões de eventos mundiais na área de política e geopolítica, que têm sido objeto de prognósticos de longo prazo, muitos dos quais se mostraram equivocados ultimamente.

Mesmo assim, os investidores devem ficar de olho em quatro acontecimentos mundiais em 2020 que, se ocorrerem, podem impactar os mercados petrolíferos.

1. Redução de importações de petróleo da China

A alta demanda de petróleo importado da China foi o principal suporte do mercado nos últimos anos. Desde 2015, o país vinha expandindo seus estoques do produto. Esse forte apetite foi essencial para evitar a quebra ainda maior de produtores de petróleo em 2015 e 2016.

WTI Mensal

Agora, começam a surgir sinais de que o crescimento econômico da China está desacelerando. Existe a possibilidade concreta de que o governo chinês pare de acumular estoques de petróleo e reduza as importações do produto, seja por conta da desaceleração do crescimento econômico, seja em razão da destinação de fundos para estímulos em outras áreas.

Há também outra possibilidade mais drástica: a China pode começar a consumir seus estoques de petróleo e importar menos produto do que seu mercado precisa. A Arábia Saudita e a Rússia, que são os dois maiores exportadores de petróleo para a China, seriam os países mais afetados por essa queda nas importações do país asiático. No entanto, a demanda menor da China também poderia fazer os preços do petróleo caírem em todo o mundo, gerando enormes prejuízos para os produtores norte-americanos. Na medida em que Washington e Pequim continuam negociando um acordo comercial, pode ser que os chineses queiram aproveitar essa carta na manga.

2. Intensificação das tensões no Iraque

Os distúrbios políticos no sul do Iraque vêm aumentando desde o final de setembro. Temos visto recentemente um aumento na violência dos manifestantes iraquianos, que protestam contra a corrupção do governo, e na influência do Irã nos assuntos do país vizinho.

Essa escalada nas tensões e na violência pode acabar impactando a indústria petrolífera do Iraque. Em 2018, o Iraque era o quinto maior país produtor de petróleo do mundo; agora, provavelmente esteja ocupando a quarta posição, após registrar uma produção recorde de 4,88 milhões de barris por dia (bpd) em meados do ano passado. Em 28 de dezembro de 2019, entretanto, os manifestantes fecharam um campo petrolífero que produz 90.000 bpd, prejudicando as exportações do país, ainda mais agora que milícias pró-Irã estão ameaçando posições norte-americanas, ao que as forças armadas dos EUA vêm respondendo com ataques aéreos.

3. Saída da Rússia da aliança Opep+

Embora a Rússia tenha concordado em estender o acordo de restrição de oferta no âmbito da Opep+, aprofundando os cortes no primeiro trimestre de 2020, já há rumores de que o país deseja sair do acordo. Na semana passada, o ministro do petróleo russo, Alexander Novak, disse a uma TV do país que 2020 pode ser o momento certo para reavaliar a participação da Rússia no acordo de corte de produção, possivelmente encerrando sua cooperação com a Opep.

O pacto de corte de produção envolve diversos países e depende da Rússia, haja vista que a Opep tem sido incapaz de atingir qualquer tipo de consenso sem a presença e a participação dos russos. Uma eventual saída da Rússia da Opep+ poderia fazer os preços do petróleo despencar, pois não haveria mais o incentivo para que a maioria dos membros da Opep restringisse sua produção.

4. Eleições nos EUA

Em novembro de 2020, os eleitores americanos irão às urnas escolher um presidente. O candidato republicano será Donald Trump, que concorrerá à reeleição contra um candidato democrata ainda a ser definido.

Neste momento, ainda é cedo demais para saber como o eleitorado irá votar, mas se houver indicações de que um candidato democrata ganhará a eleição, o mercado pode reagir de duas formas. A primeira é uma valorização do petróleo, diante da expectativa de que a produção dos EUA cairá com um presidente democrata. A maioria dos candidatos que concorrem à presidência no lado democrata adota claramente uma retórica contra o petróleo e o gás.

Por outro lado, o mercado geralmente considera que o presidente Trump é positivo para o crescimento econômico e pode encarar uma possível vitória democrata como um sinal negativo para a expansão e, por conseguinte, para os preços do petróleo. Se houver indicações de que o presidente Trump irá se reeleger para um segundo mandato, os preços do petróleo podem continuar estáveis.

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