É preocupante: quase 80% das mulheres brasileiras estão endividadas. Esse é o resultado de uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional do Comércio (CNC). O levantamento revelou que aproximadamente 79% das consumidoras possuíam algum tipo de dívida a vencer em janeiro de 2024. Além disso, 30% de seus orçamentos mensais estavam comprometidos com o pagamento de empréstimos.
Embora as dívidas nem sempre sejam prejudiciais, especialmente quando o crédito é utilizado de forma consciente e com uma avaliação criteriosa dos riscos e da própria capacidade de pagamento, o cenário exige atenção.
No entanto, uma parte significativa dessas mulheres, cerca de 30% das consumidoras, encontra-se inadimplente, de acordo com a mesma pesquisa da CNC.
Ao examinar este cenário com mais atenção, podemos identificar tanto aspectos positivos quanto negativos.
Do lado negativo, temos a falta de capacidade financeira e a ausência de conhecimento em educação financeira. Uma pessoa que não consegue controlar suas dívidas dificilmente conseguirá investir e construir um futuro promissor para si ou para sua família.
Por outro lado, apesar de parecer contraintuitivo, há um aspecto positivo a ser considerado.
As mulheres estão acessando produtos e serviços financeiros e assumindo um papel mais relevante dentro de suas famílias, com muitas delas liderando seus lares. Isso significa que, se elas estão devendo mais, é porque estão consumindo mais e ocupando mais espaços na economia.
Felizmente, a parcela de inadimplentes é menor do que a daqueles que pagam suas dívidas em dia.
Como diz o ditado, "nem tudo são flores", ou seja, nada é perfeito.
Assim como no caso dos investimentos, trata-se de uma construção de longo prazo.
Desde que fundei a Ella’s, tenho defendido a importância da educação financeira para as mulheres exatamente por esse motivo.
Embora vejamos avanços na questão da igualdade de gênero, ainda existem muitas lacunas a serem preenchidas.
Isso ocorre porque, apesar do aumento no acesso a produtos e serviços financeiros, o crescimento do número de CPFs femininos na B3 (BVMF:B3SA3) ainda é lento, representando apenas 25% do total, uma participação muito inferior à dos homens.
Contrariando o que muitos possam imaginar, essa questão não se resume a uma disputa de gênero; a conversa é muito mais profunda.
Se as mulheres continuarem nessa trajetória de ascensão profissional e investirem cada vez mais, o país como um todo se beneficiará.
Estudos indicam que, se tivermos as mesmas oportunidades econômicas que os homens, o PIB mundial poderia aumentar em cerca de US$ 12 trilhões em poucos anos.
Há um imenso potencial a ser explorado e todos serão beneficiados.
Até o próximo artigo!