Brasil: Quanto Pior, Melhor?

Publicado 09.01.2017, 10:23
Atualizado 10.01.2024, 08:22
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As chacinas em penitenciárias das regiões Norte e Centro-Oeste do país, ocorridas desde a semana passada, começam a desviar o assunto nos mercados domésticos. Os "horríveis acidentes" que acontecem por dia - e não por semana, como desejava o secretário nacional da Juventude, Bruno Júlio - criam um cenário assustador para o investidor e geram uma insegurança adicional. Como se já não bastasse o ambiente pavoroso da economia real...

A reunião marcada pelo ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, para o próximo dia 17 mostra que o governo Temer está dando à segurança a mesma dosagem lenta que vem injetando na atividade, que segue sem dar resposta aos estímulos adotados pela equipe econômica. O encontro pode ser tardio, já que foram registrados quase 100 mortos.

E cada vez surgem mais políticos torcendo para que outras prisões também entrem no motim. Foi o caso do deputado major Olímpio, que sugere que Manaus está na liderança do total de mortos, seguido por Roraima, e dizendo que Bangu "pode fazer melhor". O presídio fluminense, é bom lembrar, é onde está o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral.

A questão é que o aumento do números de presos que têm morrido nos presídios brasileiros dá sinais de que a situação em relação ao crime organizado está fora de controle. Assim, a insistente crise econômica no Brasil, que ganhou caráter de crise institucional após ganhar contornos políticos, pode se transformar também em uma crise de insegurança nacional - lembrando maio de 2006 em São Paulo, quando mais de 200 ataques a policiais e bombeiros nas ruas provocou a sensação de medo na população.

Medidas imediatas para combater a situação no sistema carcerário serão discutidas, mostrando a disposição do governo em liberar apoio federal. Mas, se essas soluções tiveram o mesmo caráter do ajuste fiscal proposto pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, para resolver o déficit das contas públicas, sabe-se que a coisa pode piorar mais, antes de melhorar. Até porque, ninguém se ilude, o ajuste fiscal sequer começou!

Com esse problema a mais, os investidores se deparam com uma agenda econômica carregada, a partir de amanhã. O grande destaque é a primeira decisão de 2017 do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre a taxa básica de juros, na quarta-feira. O Comitê tende a dar continuidade ao ciclo de cortes na Selic, iniciado em outubro do ano passado ao ritmo de 0,25 ponto porcentual (pp) – que foi repetido no encontro seguinte, em novembro.

Há quem aposte em um Banco Central bem agressivo, intensificando o ritmo de queda da Selic para 0,75 pp, sem escala. Porém, as chances maiores são de um pouco mais BC conservador, reduzindo o juro básico em 050 pp neste mês e sinalizando que poderá aumentar a dose nos meses à frente. O anúncio da decisão será feito à noite.

Na manhã do mesmo dia, sai o resultado do IPCA em dezembro e no acumulado de 2016. A expectativa é grande para que a inflação oficial ao consumidor brasileiro encerre dentro do interlavo de tolerância do BC, com uma variação próxima a 6,50%. Trata-se de uma desaceleração considerável, uma vez que o índice fechou 2015 com alta de quase 11%.

Um dia antes, na terça-feira, têm os dados de novembro das vendas no varejo e as estimativas para a safra agrícola neste ano. Depois, na quinta-feira, é a vez do desempenho no setor de serviços em novembro. Esses números, junto com os da produção industrial, ajudam na formação do índice de atividade econômica, do BC, que deve sair na sexta-feira.

No exterior, o calendário está igualmente cheio. A começar pela China, que anuncia dados sobre a balança comercial, a inflação ao consumidor (CPI) e ao produtor (PPI), as condições de crédito, as reservas internacionais e o investimento estrangeiro direto.

Na Europa, destaque para dados sobre a produção industrial na zona do euro (quinta-feira) e também no Reino Unido (quarta-feira), além dos números do desemprego e da confiança do consumidor na região da moeda única nesta manhã. Já nos Estados Unidos, as atenções se dividem entre discursos de dirigentes do Federal Reserve - entre eles, a presidente do Fed, Janet Yellen (quinta-feira) - e indicadores econômicos.

Do lado da atividade nos EUA, saem dados das vendas no varejo (sexta-feira) e estoques no atacado (amanhã), ambos referentes ao mês passado. Do lado do emprego, será conhecido o relatório JOLTS sobre a criação de vagas em novembro. Destaque ainda para a leitura preliminar de janeiro do indicador de confiança do consumidor, medido pela Universidade de Michigan, e também para os preços no atacado (PPI), ambos na sexta-feira.

À espera desses números, os índices futuros das bolsas de Nova York estão em alta, dando sinais de que hoje pode ser o dia em que o índice Dow Jones irá romper a barreira dos 20 mil pontos, pela primeira vez na história. As principais bolsas europeias também avançam, mas, na Ásia, China subiu (+0,54%) e Tóquio permaneceu fechada.

O yuan chinês registrou a maior queda em dois dias desde junho de 2016, após uma nova intervenção do Banco Central local (PBoC) em desvalorizar a moeda. A medida ocorre às vésperas da maior festividade no país, o feriado pelo Ano Novo Lunar, que eleva a demanda pela moeda para que a população possa arcar com os custos de viagem, compras e presentes para comemorar a chegada do Ano do Galo.

O dólar mede forças em relação aos demais rivais, sendo que o xará australiano é a única divisa a ganhar terreno de modo consistente em relação à moeda norte-americana. Na outra ponta, o won sul-coreano é o grande perdedor, caindo ao menor valor em dois meses, tendo a companhia da libra esterlina. Esse fortalecimento do dólar deprime o petróleo, com o barril do tipo WTI sendo negociado em queda pela primeira vez em quatro sessões.

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